quarta-feira, dezembro 27, 2006

McFarlane Dragons Series 5: The Fall Of The Dragon Kingdom

Mais Dragões! Mais houvessem, mais se falaria disso aqui. McFarlane volta à carga com esta nova série, a 5ª, que por outro lado anuncia o princípio do fim. Seguindo a lógica, e pelo número de clãs existentes, diria que o término desta série está para breve, aquando da saída da 6ª. Quem sabe se o futuro nos reservará algumas surpresas. Assim o espero, pois o detalhe e qualidade destas figuras está cima da média. Até ao momento a McFarlane tem optado por lançar em cada uma das séries uma figura deluxe, uma espécie de bónus para os admiradores e apreciadores de Dragões. Esse exemplar é sempre um pouco maior do que os restantes, sendo que é retratada uma família por série nessa edição especial (neste caso o clã Fire). Pouco mais direi, já que o melhor mesmo é olhar para os diferentes clãs, cada um deles com os respectivos links para mais fotografias da mesma estatueta. Fica apenas a faltar a tradicional online feature, a que o site da McFarlane Toys nos habituou e que normalmente vem acompanhada de wallpapers, jogos, etc.; espero que esteja em construção. É aqui, neste momento da história destas figuras, que ficaremos a assistir ao início da praga humana no reino dos Dragões. Estará disponível em Fevereiro de 2007, em Portugal um ou dois meses depois. Uma boa aquisição para aqueles que receberam os €€ da família nesta quadra festiva e têm dúvidas onde os investir.




Komodo Clan Dragon




Sorcerers Clan Dragon








Water Clan Dragon



Fire Clan Dragon
(Deluxe Boxed Set)











Mauro Bex : maurobindo

terça-feira, dezembro 19, 2006

ERAGON: O filme


Senti-me tentado a escrever novamente sobre este assunto, pois já o tinha feito anteriormente neste blog (sobre o livro e divulgando o filme), desta vez por ter finalmente ido ao cinema ver o filme em questão. Escrevo também, por ter lido já algumas coisas sobre o mesmo, concordando com umas, discordando com outras. Mais uma vez, e como sempre, trata-se apenas de uma opinião, a minha.

Sintetizando ao máximo (pois o poder de síntese é algo difícil de conseguir, deixando-nos na maioria das vezes perdidos e a viajar pela maionese, que tão bem nos sabe), vou procurar focar o que me ficou na retina. Primeiro, o filme é demasiadamente curto para fazer jus ao livro, mas nestas questões de adaptações já se sabe, muita coisa se perde, mas outras se conquistam. É por aqui que temos de compreender umas coisinhas, tais como custos de produção e público-alvo. Infelizmente, este filme é direccionado principalmente a um público infanto-juvenil, e aguentar as criancinhas sentadas durante 1h:45m é obra (eu que o diga, pois vi-o acontecer), quando quem leu o livro e conhece a história queria e aguentava 3h à vontade. Mas nem tudo é como se quer, e repito, há que tentar entender o porquê. Penso que a produtora não quis arriscar demasiado, como se verificou nos casos de “O Senhor dos Anéis” ou “Harry Potter”, sequelas já afirmadas e (re) conhecidas do público em geral, com uma legião de fãs pelo mundo inteiro. É aqui que, no meu entender, reside o busílis da questão. Não seria de apostar/arriscar mais nesta produção? Parece que não. Assim sendo, adiante, os fãs que aguentem, pode ser que se este 1º filme for rentável a aposta suba de valor para a sequela.
As consequências desta decisão fazem-se notar, sendo evidente a falta de desenvolvimento e aprofundamento no treino de Eragon dado por Brom (essencial no decorrer de toda a trilogia, muito pouco explorado na película), na sua jornada até aos Varden (ultra-mega-rápida), da sua curtíssima estadia em Farthen-Dûr, etc., etc., etc. Fica sempre a sensação de que algo mais se poderia ter passado, pois as próprias personagens que vão surgindo no enredo caem quase que de pára-quedas, ou seja, para quem não leu o livro fica “a apanhar bonés”.
Quanto a representações, pouco tenho a apontar, já que a mestria de Jeremy Irons (Brom) é evidente, catapultando o filme lá para cima. Robert Carlyle (Durza) já o tinha visto em “Trainspotting” e a sua qualidade foi fundamental para uma personagem que está muito bem conseguida. Temos ainda um John Malkovich discreto, o que era de esperar, já que a figura de Galbatorix pouco surge e nada fala durante o livro. Quanto ao estreante Ed Speleers (Eragon), achei-o confiante e com uma tonalidade de voz grave (pouco comum para a sua idade), factor importantíssimo para esta personagem por ser ele o “salvador” deste mundo que é Alagaësia; ainda assim, a falta de experiência deste é visível em passagens que requerem um carácter mais emocional, mas julgo-o no bom caminho.
A fotografia é boa, com paisagens magníficas e cenários criados em computador bem elaborados. Por outro lado, a falta de experiência do realizador (outro estreante) acaba por transparecer a todos nalgumas captações de planos feitos a partir de helicóptero, que na edição não merecem a atenção necessária. E claro, o argumento não é o que se esperava, ficando muito aquém das expectativas, prejudicando o todo.
No fundo, o que de melhor se conseguiu nesta aventura cinematográfica foram os efeitos especiais, destaque absoluto para Saphira. Está simplesmente fabulosa, um dragão (fêmea) fantástico! Confesso que tinha grande apreensão neste ponto, pois para além de ser fã acérrimo destes seres míticos, acabo por exigir muito de quem os cria visualmente. Foi uma agradável surpresa. A sua voz é-nos dada por Rachel Weisz, que está longe de ser a ideal, pelo simples facto de ser monocórdica do início ao fim. Em momentos de maior tensão a sua suavidade poderia ser mais aguerrida, sem nunca esquecer que Saphira é uma jovem.
Pormenores à parte, que são a essência de um bom filme, era esperado mais e melhor, se bem que acabo por compreender certas decisões e direccionamentos, não estando necessariamente de acordo com tudo. Globalizando e para terminar, penso que os admiradores deste mundo criado por Christopher Paolini vão gostar de se deslocar até às salas de cinema, pois para além de não aspirar a épico, o filme acaba por ter muito de interessante.
Lá se foi o poder de síntese, vencendo novamente o poder de navegação pela maionese. Fiquem com duas das frases mais marcantes desta primeira adaptação ao grande ecrã. Na realidade, acabam por dizer muito do que é este filme:
“That's the spirit – one part brave, three parts fool.” Brom
“I expected you to be – well, more...” Durza


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Mauro Bex : maurobindo

sexta-feira, dezembro 15, 2006

LURTZ Premium Format Figure

Sem precisar de aprofundar muito a descrição desta peça fenomenal, deixo-vos algumas fotos, pois as imagens valem mais do que mil palavras. Lurtz faz parte da recente linha criada pela Sideshow dedicada à saga Senhor dos Anéis (Premium Format Figures), após os termino adaptação de Peter Jackson à 7ªArte da trilogia original de Tolkien. Fica uma breve descrição da loja Good´N´Evil, que em Portugal é a única loja que se dedica exclusivamente a este tipo de coleccionáveis. Uma boa prenda de Natal, sem dúvida alguma. Entretanto, espero que a minha chegue na próxima semana.

A Good n' Evil inicia uma nova coleção para todos os amantes dos Senhor dos Anéis:
- Recreada à escala de 1:4 com o seu sabre e o seu escudo, a escultura capta perfeitamente a malicia intencional do ataque de Lurtz aos companheiros.
- A figura é feita de uma mistura de resina e cabedal, onde são utilizados os melhores materiais para recrear todos os detalhes, como a bruta mas eficaz armadura Uruk-hai.
Peso: 6,91 Kg
Altura: 57,1 cm
Largura: 25,4 cm
Profundidade: 25,4 cm








Mauro Bex : maurobindo

Richard Câmara: Ilustrador Português

Como muitos portugueses que executam trabalho de qualidade, Richard Câmara "mandou-se" para terras de nuestros hermanos, ou seja, trabalha fora de Portugal como muitos outros que ambicionam algo mais. O propósito de o trazer a este blog tem várias razões de ser.
A primeira, como referi no início, prende-se com a evidente qualidade do seu trabalho.

A segunda, pelo facto de as suas ilustrações fazerem novamente parte do projecto “Pictoplasma - Character Encyclopaedia”, edição que compila projectos de ilustração, design, etc., tendo como finalidade a sua possível coloração, partindo daí para um universo expandido onde as ideias poderão ser utilizadas para a execução de instalações, escultura, pintura e muito mais. A sua vertente de manual de identidade gráfica é vincadamente objectiva, trazendo ao dia-a-dia do indivíduo novas possibilidades. Podem consultar os seus “Ratos Mickey” que fazem parte deste projecto, aqui.

A terceira razão deste artigo tem a ver com um dos seus trabalhos, La Caperucita Terrorífica, que recebeu uma distinção no IX ExpoComic de Madrid, evento de grande referência na BD espanhola. Aconselho vivamente a sua visualização no blog do respectivo autor, onde podem ter acesso às 4 pranchas desse projecto.

Por fim, falo-vos do “Rei Arenque”, BD que esteve exposta no FIBDA´06. Fica uma página deste título para vossa visualização e, o conselho para uma visita ao blog do artista, richardcamara.blogspot.com, onde terão acesso às restantes pranchas desta história que conta com o argumento de David Soares (o projecto desenvolveu-se a partir de um storyboard deste último). Parabéns ao que de bom se faz com selo português!
Boas leituras!


Mauro Bex : maurobindo

quinta-feira, dezembro 14, 2006

PIC(K) OF THE WEEK #7

David Petersen: Mouse Guard


Mauro Bex : maurobindo

O FIBDA´06 já lá vai (um último Sábado no FIBDA)


Apesar de o Festival já ter terminado há algum tempo, cerca de mês e meio atrás, tinha-me comprometido com o Nuno (enanenes do BDesenhada.com) a escrever um artigo sobre o final do FIBDA´06. No primeiro artigo que escrevi, debruçava-me sobre o 1º Sábado do evento, com alguma curiosidade e expectativa à mistura, pois a coisa prometia. Ou talvez não. Ora bem, chegado o último Sábado do Festival, concluí que nem tudo deve ter corrido como o esperado (mais uma vez). Passo a relatar nas linhas que se seguem, essa minha vivência. Hora de almoço, boa altura para visitar a exposição do piso -1, pois o tuga tem sempre de almoçar (e de fazê-lo a horas certas de preferência), pensei eu e pensei bem. Tranquilidade, espaço e tempo para ver tudo com atenção e sem problemas, mas a certa altura confesso que tanta calmaria começou a tornar-se estranho; não liguei e aproveitei ao máximo. Decidi passar para o piso superior, o piso 0, onde estavam concentradas as várias editoras e lojas, mais a exposição do Filipe Abranches e várias outras. Qual foi o meu espanto quando percebi que caminhava praticamente sozinho em tão amplo espaço. Pior, só duas ou três das lojas se encontravam em funcionamento! As restantes até paninhos tinham por cima, para que os livros não apanhassem pó. Para além da minha pessoa, realmente devia ser a única coisa que também circulava por ali… Isto, entre as 13:30h e as 14:00h. Eu percebo que as pessoas tenham de almoçar, mas sinceramente! Já inventaram o revezamento na altura em que éramos símios. No fundo continuamos na mesma. Não serve de muito estar para aqui a alongar-me e a esticar conversa. Achei importante a temática da exposição do piso -1 (sim, é propositadamente que assim a chamo), pois trouxe ao de cima vários trabalhos de qualidade dos quatro cantos do mundo, permitindo-nos ver mais de perto as diferentes técnicas, estilos e realidades de cada região do globo. Agora cá em cima, tirando as exposições e os artistas que nos presentearam com as suas aparições, a organização e as lojas tiveram uma prestação, direi ausente, pouco participativa. Estou a generalizar, é claro. Desculpem a sinceridade mas foi o que senti nos dois dias em que me pude deslocar à Brandoa. Quando se fala no facto de Portugal estar a anos-luz, em certos casos, no que diz respeito à divulgação e promoção de eventos, o FIBDA é um bom exemplo, no mau sentido. Fale por si quem foi, quem viu, quem participou, quem está lá sempre, quem faz parte do grupo dos do costume. Trata-se apenas da minha opinião, pois gostaria muito de um dia, ver um Festival de BD no nosso país a “rebentar pelas costuras”. Tenho dito.


Mauro Bex : maurobindo

Capas do 9ª #4 - SHI: JU-NEN #1 a 4

Após longo interregno, Tucci decidiu voltar a investir na sua criação mais (re) conhecida, a heroína Shi, desta feita com apoio e edição da Dark Horse. O enquadramento da narrativa transporta-nos de volta ao Japão, onde os velhos fantasmas que continuamente assombram e se retorcem na memória de Ana Ishikawa, prendendo-a às suas origens, trazem à tona do seu consciente velhos conflitos por resolver. No entanto e, pela primeira vez, vou tomar a liberdade de compactar nesta rubrica 4 capas que formam um dos mais belos conjuntos a que já tive acesso. Foi precisamente o impacto visual destas 4 composições que despertaram imediato interesse em mim, levando-me mais tarde a adquirir esta mini-série (foi o primeiro contacto que tive com o trabalho de Tucci). Há dez anos que a personagem Shi estava afastada de novas publicações. Para os fãs foi um regresso refrescante. Ainda assim, arrisco afirmar que melhor destes volumes são as capas. Não que o argumento e a arte sejam pobres, mas por vezes tornam-se confusos, levando à dispersão do leitor. É sobre as isso (as capas) que vale a pena reflectir e procurar julgar as mesmas como um todo, indissociáveis entre si, pois a linha de raciocínio escolhida aplica-se a todas elas. Existe de forma algo notória uma combinação entre ocidente e oriente, quer a nível de representação artística quer a nível cultural, remetendo-nos para as origens de Ana Ishikawa, filha de pai japonês e mãe estado-unidense (utilizo esta terminologia, pois considero que americano ou norte-americano engloba várias nacionalidades). Os seus traços faciais denotam saudável ambiguidade cultural, o rosto branco da sua subtil personalidade geisha que utilizou no passado para servir os seus propósitos. Ao mesmo tempo, é o pó de arroz e toda uma maquilhagem nipónica que fazem de Shi o que ela realmente é, uma guerreira de raízes sohei (treinada pelo seu avô paterno) com personalidade fortemente vincada pela determinação, caminho que a conduz às suas metas, nunca lhe tirando pitada da sensualidade e erotismo que tão bem a caracterizam. Na primeira capa é bem visível a sua sensualidade, na segunda a atitude guerreira, na terceira a astúcia e determinação, e na quarta a sua objectividade. Qualquer semelhança com a arte da gravura japonesa é pura coincidência. Não me parece ter sido essa a proposta de Tucci, se bem que na primeira das composições há toda uma envolvência que nos poderá remeter para o séc. XIX (consultar o site sobre Gravuras Japonesas Modernas, exposição patente na Fundação Calouste Gulbenkian). Como referi anteriormente, Shi acaba por adoptar um pouco dessa tradição geisha, vincadamente sensual e serviçal, mas que no fundo é muito, muito mais do que isso. O cabelo escorrido sempre penteado e tratado, o cuidado com a toilette e aparência, o corpo sempre esbelto e sinuoso, a escolha com as vestes… A personificação do bem e do mal faz parte desta mulher guerreira, sendo formidavelmente exposta no papel e melhor do que nunca nestas capas. Elas são um autêntico espelho da verdadeira essência de Ana Ishikawa, conhecida entre nós como Shi.
Boas leituras!

Veja as capas com maior qualidade:
Shi: Ju-Nen #1
Shi: Ju-Nen #2
Shi: Ju-Nen #3
Shi: Ju-Nen #4



Mauro Bex : maurobindo

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Brevemente: HISTÓRICOS DA 9ª ARTE



Está para breve a inclusão de uma nova rubrica no 9ª, denominada "Históricos da 9ª Arte". Desta farão parte figuras emblemáticas da Banda Desenhada a nível global, mas não apenas figuras nascidas através da BD. Passo a explicar, pois a abrangência estende-se até que a imaginação e a memória o permitam, abarcando personagens que possam vir de outra realidade ou arte que não a Banda Desenhada, mas que tenham sido retratados em BD, isso é fundamental, ou este tema não faria sentido algum. Logo, de proveniência directa ou indirecta, se assim o posso classificar. A ideia é retratar ícones que sejam famosos e, neste caso específico, com alguma antiguidade e posto, procurando eu ser o mais consensual possível no tratamento e escolha dessas "personalidades". Está para breve, muito breve. Mantenham-se atentos.
Boas leituras!


Mauro Bex : maurobindo

terça-feira, novembro 28, 2006

PIC(K) OF THE WEEK #6


Humberto Ramos: Wolverine


Mauro Bex : maurobindo

Michael Moorcock´s ELRIC: THE MAKING OF A SORCERER

Para um melhor aproveitamento e compreensão desta obra por parte do leitor, convém que o interessado tenha acesso aos 4 volumes que a compõem, caso contrário colherá algumas migalhas e não o todo em si. Em seguida, o facto de ser o próprio Michael Moorcock, criador de Elric, o responsável pelo argumento valoriza sobremaneira estes 4 álbuns. A arte, essa está a cabo de Walter Simonson com Steve Oliff. O que por vezes ocorre acaba por ser, no mínimo, estranho. Conseguimos assistir a determinadas composições em que é evidente “que o artista é um bom artista”, mas noutras questionamo-nos se realmente foi a mesma pessoa que o fez. O traço de Simonson é inteligente na maioria das vezes, mas parece ocorrer uma certa saturação em determinadas alturas que prejudica o todo das quatro obras. Talvez tenha havido pouco tempo para algo que merecia mais dedicação.

No universo temporal, esta estória passa-se no período imediatamente antes do primeiro livro escrito por Moorcock, Elric of Melniboné (edição portuguesa da Saída de Emergência), que dá início à famosa saga do príncipe albino. Por este motivo, muito havia a explorar e muita coisa interessante foi conseguida. Quero com isto dizer, que alguns dos pontos de interesse a que não temos acesso nos livros, são retratados aqui (a BD surge como complemento à literatura). Bom exemplo é a personagem do pai de Elric, o Imperador Sadric, na sua constante crise de decisão em relação ao próximo herdeiro do Trono de Rubi: o filho Elric, legítimo herdeiro, enfermo, frágil de corpo mas sábio, ou Yyrkoon, sobrinho do regente e figura típica melniboneana, cruel, forte e impiedoso. Resumindo, são ambos as duas faces de uma mesma moeda. Para provar a si mesmo de que é um ser capaz, não ao seu pai nem a ninguém, Elric parte em quatro jornadas, uma em cada livro desta Banda Desenhada da DC. Etapas de auto-superação e amadurecimento, os sonhos em que este herói (ou talvez deva chamar-lhe anti-herói) embarca fazem parte do ambíguo processo de selecção para ser o próximo Imperador da Ilha dos Dragões. Estes quatro sonhos remetem-nos para outra realidade paralela, onde várias análises e/ou abordagens podem ser feitas. Quando falamos de Elric ou Michael Moorcock, automaticamente pensamos em literatura fantástica. Mas não devemos esquecer que Moorcock foi um dos pioneiros do movimento New Wave da Ficção Científica, e que por vezes, o seu trabalho no campo do fantástico roça as fronteiras da FC. Quando estas etapas na forma de sonhos ocorrem, será que esta suposta realidade estará longe de acontecer na realidade em que vivemos? Quem sabe se, num futuro próximo ou distante, poderemos comprimir o tempo através dos sonhos, ganhar experiência de vida, viajar e conhecer novos seres e locais, tal como sucede nas aventuras de Elric. Já existem formas de fazer, hoje em dia, essa supressão temporal, mas não está ao alcance de todos. Enquanto isso, Elric vai assimilando a sua experiência e conhecimento de forma interessante no final de cada um dos álbuns, adquirindo saber de forma inconsciente, já que acaba por se esquecer de tudo quanto sonhou assim que os minutos seguintes ao seu despertar se desenrolam. No final dos 4 volumes fica a lição: não existe maior força e poder que o saber. É nessa busca constante por se aprimorar que o Príncipe albino se embrenha de forma incessante, pois a linhagem de onde provém é das mais nobres de que o tempo tem memória. Curioso o suficiente para se juntar a este jovem sábio?
Boas leituras!


Mauro Bex : maurobindo

segunda-feira, novembro 06, 2006

Capas do 9ª #3 - WORMWOOD #3


Ben Templesmith é um dos meus artistas preferidos. Principalmente por ter o seu lado “dark” muito bem desenvolvido. Para muitos, Templesmith é um pouco exagerado, chegando a ser desagradável e incómodo. Para mim, é apenas um artista de excelência, tanto pela forma como aborda as temáticas, bem como depois do processo conceptual estar concluído o passa para um suporte físico e palpável. Esta capa é um bom exemplo de como o autor tira prazer da simples hipótese de poder chocar os mais sensíveis ou de agradar veementemente os seus seguidores. Passando a um breve resumo, ou apanhado geral, esta capa é de uma série da total responsabilidade de Templesmith. Ele escreve o argumento e aplica-lhe o seu traço, enaltecendo a sua arte. Wormwood narra a história de um detective zombie apaixonado por Guiness, e do seu companheiro mecânico com tendências acentuadas para dizimar tudo o que venha de uns estranhos portais que fazem parte deste universo. Sem querer aprofundar muito, é também importante saber o contexto para que esta capa faça mais sentido, ou esta rubrica correria sérios riscos de não ter nexo algum. Existe um surto de seres alienígenas ou coisa semelhante, vindos de um qualquer plano ou dimensão, de onde só saem coisas meio vivas ou meio mortas. Estes germinam como rebentos, na barriga de qualquer humano, seja homem ou mulher. O próprio detective Wormie já foi apanhado por esta praga, numa fase inicial. Será Wormie a chave para o desenvolvimento desta indesejável espécie? É bem provável, a julgar por esta capa. Com o seu ventre já alugado, haverá forma de ultrapassar este esquema? Até à data tudo teve solução. Apesar dos fortes tons, bem quentes e garridos que marcam o seu ventre, o contraste com as cores do seu corpo e fundo demonstram vontades opostas. Irão os monstros propagar-se e tomar conta da cidade sem que nada seja feito? O detective responsável por evitar tais situações anda por cá, mas não existem dúvidas que estamos perante um evidente ponto de viragem. Aquele tentáculo não surge aleatoriamente na composição e Wormie não muda de polaridade por obra do acaso. Grandes surpresas se esperam, enquanto uma nova figura errante vem ao encontro da resistência do nosso investigador. Esta capa é o seu portal de entrada para este universo abominável. De que está à espera para entrar?
Boas leituras!


Mauro Bex : maurobindo

sexta-feira, outubro 27, 2006

Sideshow: MARVEL COLLECTIBLES

A Sideshow é mundialmente famosa pela qualidade do seu trabalho na área dos coleccionáveis de cinema e séries televisivas de culto. No entanto, a sua tendência para abordar o nicho de mercado ligado à Banda Desenhada tem aumentado bastante, sendo já um sucesso firmado. Na linha da frente da secção dedicada à BD surge a Marvel, não fosse a casa das ideias a mais influente no mundo dos comics. Nessa secção Marvel podemos encontrar um vasto leque de figuras retratando super-heróis e os respectivos super-vilões que os atormentam. Dessa lista em constante crescimento, decidi escolher alguns dos que considero mais bem conseguidos, trazendo-os ao 9ª Arte. As breves descrições que se seguem, estão acompanhadas dos respectivos links com acesso a mais fotografias das esculturas.


Esculpida por um fã do alter-ego de Bruce Banner, Andy Bergholtz, esta figura do Incrível Hulk é um tributo ao desenho original de Jack Kirby, criador da besta em conjunto com o mítico Stan Lee. Com cerca de 50cm, esta escultura procura representar fielmente a robustez do Hulk, mantendo ainda os seus calções originais e vestes esfarrapadas. Existe uma versão exclusiva da Sideshow, em que Hulk surge em cinza.



Iron Man
Esta foi a primeira estatueta a inaugurar a linha "Comiquette", figuras baseadas em personagens de comics. Concebido à escala 1:4, este Iron Man é baseado na capa de "The Invincible Iron Man #76", de Adi Granov. O artista Pablo Viggiano captou bem a pose dinâmica e o design moderno da composição gráfica, passando-a para esta estátua na perfeição.



Inspirado por vários artistas da Marvel, Logan está representado em pose mais "casual". A roupa procura ser o mais fiel possível, destacando-se o seu casaco de cabedal, jeans e cinto. Andy Bergholtz tenta marcar a atitude e a ferocidade de Logan neste exemplar. É quase possível ouvir o "SNIKT!" das suas garras e cheirar o seu charuto.




Wolverine
Este é o primeiro dos X-Men a ser adicionado à linha "Comiquette". No seu fato amarelo tradicional, Wolverine assenta numa base em X, ficando com os seus quase 40cm sobre esta alusão aos X-Men. Esculpida à mão (como de resto todas as figuras aqui apresentadas) pelo artista Ray Villafane, o super-herói está pronto para saltar e passar rapidamente à acção.



Curiosamente, este exemplar faz parte da fase de pré-produção do filme "Fantastic Four". Foi a partir desse primeiro modelo que a estátua final surgiu. Depois da película, a Sideshow decidiu lançar a figura esculpida em resina, réplica do fato utilizado no filme. Com um detalhe minucioso, o pormenor é explorado ao máximo, neste trabalho de Moto Hata.




Fantastic Four
A estatueta do Quarteto Fantástico reflecte as melhores qualidades de cada um dos seus membros. O talento natural do Mr. Fantastic para se esticar, o dom de fogo e voo do Human Torch, a graciosidade, beleza e poder da Invisible Woman, e a imponente presença do Thing. Executada em conjunto por Pablo Viggiano e pela equipa da Sideshow Collectibles, a representação é pintada e esculpida à mão.


Mais uma representação à escala 1:4, desta feita um dos ícones da cultura pop mais marcantes, o Homem-Aranha. E mais uma peça da autoria de Pablo Viggiano, se bem que foi vestido pela Sideshow Collectibles Figure Design Team. Agachado em cima de um telhado, o aranhiço está pronto para agir. É uma das figuras mais importantes deste universo.


Green Goblin
Grande inimigo do Homem-Aranha, esta personagem comporta materiais na sua execução como resina, metal e plástico especial, para uma maior capacidade de representação dos seus pormenores. Em cima do seu veículo, Green Goblin prepara-se para utilizar uma das suas famosas abóboras explosivas. De novo, figura esculpida por Pablo Viggiano e também Martin Canale.




Sentado no seu trono, esta figura representa bem toda a sua majestade, e uma clara vontade de dominar o mundo. Qual ditador no seu poleiro, o trono do Dr é detalhadamente adornado. Já adivinharam quem foi o escultor? Claro, Pablo Viggiano. A figura fica completa com a assinatura do artista, impressa na base do trono.



Drake
A última estatueta que escolhi para figurar nesta abordagem simpática aos deliciosos e viciantes coleccionáveis, foi Drake, pai de todos os vampiros da saga "Blade". Originalmente concebida na pré-produção de "Blade: Trinity" pelos artistas da Spectral Motion, conta com cerca de 44cm de altura e quase 7kg. Ricamente trabalhada ao nível do detalhe, a sua armadura reptiliana e os vários espigões que saem do seu corpo, são exemplos de como a Sideshow se preocupa com os pormenores e fidelidade das obras que comercializa.


Mauro Bex : maurobindo

PIC(K) OF THE WEEK #5


Vicente Segrelles: Mercenário



* Nota: ver 1º post com o mesmo tema.

Mauro Bex : maurobindo

quarta-feira, outubro 25, 2006

Banda Desenhada com todas as letras

Post retirado do blog "O bicho dos livros". Obrigado Andreia.

Promoção de Banda Desenhada
Hoje debateu-se a situação da criação e edição da Banda Desenhada em Portugal, no auditório Maestro Frederico de Freitas, na Sociedade Portuguesa de Autores. Esta iniciativa, da responsabilidade da revista Os meus livros, contou com a participação de António Jorge Gonçalves (autor), Maria José Pereira (editora Asa), Pedro Silva (editor VitaminaBD) e Sara Figueiredo Costa (crítica).
O diagnóstico a esta arte é semelhante ao que outros agentes traçam para outras áreas artísticas: ausência de público, falta de dinamização do sector, falta de informação e divulgação nos meios de comunicação, falta de comunicação entre agentes. Consequência mais do que evidente: poucos meios de sobrevivência. Esta é uma situação crónica em Portugal, e nunca foi por isso que qualquer expressão artística morreu. Contudo, algumas informações dão que pensar.
Rosa Barreto, directora da Bedeteca de Lisboa, considera muito prejudicial para a divulgação da Banda Desenhada que estes livros integrem o catálogo infanto-juvenil das Bibliotecas Municipais, e não ocupem uma secção própria. De facto, este é um dos principais preconceitos associados à 9ª arte. Outro é o de que ler Banda Desenhada é um estádio anterior ao da leitura de textos literários, porque supostamente é mais fácil. Outro ainda, e de todos o mais grave, que a Banda Desenhada é prejudicial no desenvolvimento de competências de leitura das crianças e jovens.
Esta questão está intimamente ligada a outra: a formação de leitores de Banda Desenhada tem de começar na infância, ou não teremos novos leitores.
Não confundamos as coisas. Formar leitores não é formar categorias de leitores.
Formar leitores é dotá-los de competências de leitura como sejam:
encontrar informação num texto;
perceber lógicas de causa-efeito;
identificar nexos de temporalidade e causalidade;
caracterizar personagens;
identificar marcas retóricas (símbolos, imagens, enumerações, comparações, metáforas);
produzir juízos afectivos e argumentativos;
sintetizar informação;
relacionar informação;
distinguir sentidos denotativos e sentidos conotativos;
etc, etc, etc...
Estes objectivos específicos do ensino da competência da leitura são transversais ao género de texto que se lê, e por isso este treino deve ser feito com recurso a tipologias distintas.
Que se deve incentivar a leitura de Banda Desenhada desde tenra idade, parece-me evidente. Do mesmo modo que se deve incentivar a leitura de poesia, teatro, narrativa, notícia, slogan, instrução. Que a arte literária (na sua diversidade) desenvolve o imaginário, a sensibilidade, a criatividade, o conhecimento, mais que um texto informativo, nem sempre é verdade. Não sejamos fundamentalistas, sejamos auto-críticos. Procuremos distinguir qualitativamente a leitura, e sejamos rigorosos na sua promoção. Será melhor ler um mau livro de BD a não ler nenhum? Não há resposta para esta pergunta. Por um lado, ler um mau livro não permite ao leitor ter contacto, por exemplo, com noções inovadoras de perspectiva, ou de disposição gráfica, ou de questionamento da causalidade, ou de ironia. Mas, por outro lado, ler um mau livro pode levar à leitura de outro, talvez melhor, ou igual, e à procura de outros, elevando o nível de exigência do leitor e de qualidade do livro.
Ao nível da promoção devemos ser exigentes connosco próprios, tanto quanto generosos na partilha do que de mais precioso sabemos. Relativamente ao leitor, devemos respeitar as suas escolhas.
É claro que é possível a um adulto descobrir a Banda Desenhada, como é possível descobrir a literatura clássica, o teatro ou a poesia. Mas é também muito provável que o adulto só a descubra se tiver solidificadas as suas competências, ou seja, se for leitor, como afirmou a Sara, no debate.
Promover Banda Desenhada implica divulgá-la junto das crianças e jovens, de forma a que estes sejam leitores do género ao longo da sua vida, e do mesmo modo divulgá-la junto de adultos leitores. Como se faz? Com esforço, criatividade, e acima de tudo com muito entusiasmo e muita honestidade intelectual.

terça-feira, outubro 24, 2006

ASPEN SWIMSUIT: SPLASH #1

Esta edição pode ser considerada invulgar. Não é tão comum quanto isso ver retratado em Banda Desenhada beldades de ambos os sexos, na maioria das vezes em pose de calendário Pirelli. Este título acaba por nos trazer a possibilidade de coleccionar esta variedade de imagens, ou quem sabe, pendurá-las na parede como poster. Como o próprio nome indica, esta é uma colectânea onde a grande maioria das personagens criadas pela Aspen surge em versão fato de banho, biquiní, calções, enfim, o que vocês lhe quiserem chamar, ora em pose descontraída, ora em desafiantes olhares convidativos. Em qualquer dos casos, convém olhar para o que realmente interessa, isto é, para a arte. Contemplem os corpos esculturais e a beleza física, deixando em seguida um tempo considerável para estudarem cada uma das composições. Tal como as personagens são variadas, também o são os artistas que fazem parte deste comic. Todos os artistas que colaboram com a Aspen vêem aqui representadas as personagens com que habitualmente trabalham e retratam. A abordagem feita é díspar do comum e são nestes casos que por vezes surgem trabalhos com maior qualidade gráfica, pois a temática é mais descontraída. Existem experiências mais bem-sucedidas do que outras, o que acaba por salientar os verdadeiros artistas. Descubra por si mesmo as diferenças, procurando perder algum tempo em cada página. Vai ver que vale a pena.
Boas leituras!



Mauro Bex : maurobindo

Entrevista a Pedro Silva: Parte II

Pode a partir de hoje ser lida na íntegra, a segunda parte da entrevista a Pedro Silva, responsável pelas lojas BdMania, e pelas editoras VitaminaBd e BdMania (estreante no mercado), no site BDesenhada.com. Deixo-vos um parágrafo dessa conversa, que nos mostra um pouco a visão do projecto editorial que Pedro Silva tem em mente. Para ler com atenção e muito optimismo.


"BD: E o que reservaram para 2007?
PS: O terceiro cartão de visita, o primeiro livro de Groo publicado em Portugal, terá lugar já no início de 2007 e será ele que abrirá o primeiro ano de actividade, propriamente dito.
Para além de Groo, de que publicaremos vários livros, os títulos que posso revelar, para já, são os seguintes:
Linha “Não super-heróis”
- SAMURAI HEAVEN & EARTH, de Ron Marz e Luke Ross
- REVELATIONS, de Paul Jenkins e Humberto Ramos
- DAMN NATION, de Andrew Cosby e Jay Alexander

Linha “Marvel Transatlântico”
- DAREDEVIL/CAP.AMERICA: D.O.A., de Tito Faraci e Claudio Villa
- THE WOMEN OF THE X-MEN: GALS ON THE RUN, de Chris Claremont & Milo Manara

Linha “100% Marvel”
- DAREDEVIL: FATHER, de Joe Quesada

Há mais títulos negociados e haverá seguramente mais livros publicados, mas, por uma razão ou outra, não pretendo revelá-los agora. Que piada teria fazê-lo? Digo-lhe que o nosso business plan contempla 10 a 12 títulos para cada um dos dois primeiros anos. Mas isso é baseado em determinados pressupostos como previsão de vendas. Caso os resultados, de uma forma consistente, excedam as nossas expectativas, poderemos rever o plano e alargar o número de edições. Enfim, como em quase tudo, a resposta pertence ao público."


Mauro Bex : maurobindo

1º Sábado no FIBDA´06

Este texto é um breve resumo ou descrição de algumas das atracções e/ou acontecimentos que podem ser encontrados no FIBDA´06, pois não abrange nem metade do que se passa no Fórum Luís de Camões, na Brandoa. Ora aqui está um bom ponto de partida, ou neste caso de chegada, a localização escolhida para albergar o evento com maior projecção no panorama bedéfilo do nosso país. Apesar de estar ligeiramente fora da Amadora, não deixa de ser um bom espaço para acolher este Festival. Arejado, espaçoso, portanto, e convenhamos dizê-lo, respirável (condições difíceis de reunir nas últimas edições). Penso que este é um ponto-chave para atrair visitantes e para fazê-los voltar no próximo ano; refiro-me a visitantes externos a estas andanças da BD, por assim dizer (não os do costume, os que vão a todas, seja em que condições forem). Externamente (não sei se isso está pensado ou não), aquele paredão vermelho, o das escadinhas que conduzem à entrada, dava um óptimo local para pintura e desenhos ao vivo, com os vários artistas convidados, sempre que o clima o permitisse.

Passemos então ao interior e ao que por lá se vai passando um pouco. Assim que entramos temos à nossa frente a exposição do premiado Filipe Abranches - Prémio Nacional de BD 2005 Melhor Desenho de Autor Português. A exposição é uma das muitas que compõem o Festival, encontrando-se bem estruturada, com bastantes originais e espaço para que estes respirem entre si. Temos tempo e à vontade suficiente para apreciarmos os trabalhos expostos. Fiquei deveras surpreendido, pela qualidade das várias estórias retratadas.

Continuando, encontramos 17 Autores Portugueses Contemporâneos, local onde convém perder algum tempo, pois o conteúdo é vasto, variado e verdadeiramente compensador. Digo isto, pois percorri o percurso a passos largos e o tempo que gastei ali soube-me a muito, muito pouco. Ainda assim, só me apetece voltar e compensar o tempo que não tive naquela altura. Penso ser um agradável ponto de apreciação e contemplação do que de melhor se faz por cá.

Mais umas passadas e o percurso em U entra na sua recta final. O recinto de exposições do piso 0, conta ainda com a presença de um espaço inteiramente dedicado à obra Decálogo, de Frank Giroud, com os 10 tomos expostos para consulta e respectivas maquetes de alguns dos locais mais importantes dessa BD. Por último, temos Os Lusíadas, de José Ruy e Lailson. Aqui só tive tempo de espreitar, mas vale a pena.

Por fim, resta-me falar do espaço central, do núcleo do festival (se assim o posso afirmar), onde se desenrolam as sessões de autógrafos, a nata deste evento. A circundar este núcleo estão as editoras e lojas que melhor representam a BD em Portugal, a ASA, a VitaminaBd, a BdMania, a KingPin of Comics, a Devir, a Casa da BD, a MongorHead, a Polvo, uma banca com a venda do BD Jornal e HLComix (penso ser da pedranocharco) e outros tantos fanzines (peço desculpa pela omissão dos restantes presentes, mas a minha visita foi a correr e foi o que vislumbrei e me ficou na retina).

Em relação aos autógrafos, os presentes para deixarem o rabisco eram muitos e famosos, incluindo o já referido Frank Giroud e o “nosso” grande José Carlos Fernandes, entre outros. Mas o meu destaque vai para a “nova geração”, para aqueles que finalmente tiveram uma porta aberta para mostrarem o seu potencial criativo. Falo mais concretamente de Fernando Dordio, Filipe Teixeira e Carlos Geraldes, argumentista, desenhador e colorista (respectivamente) de C.A.O.S. e, Mário Freitas (que também legenda C.A.O.S.), Carlos Pedro e GEvan (também presente em C.A.O.S. e SUPER PIG), argumentista e arte-finalista, desenhador e, designer e ilustrador (respectivamente) de SUPER PIG. O mais engraçado é que depois de os ver percebi que o Filipe Teixeira e o Carlos Geraldes eram os mesmos que tinham sido meus colegas de faculdade, pois pelo nome não os reconheci. Foi uma surpresa muito agradável e desejo-lhes as maiores felicidades para o seu trabalho. Importante presença foi também a de Derradé, que estava de saída assim que cheguei. Este homem continua a remar sozinho contra a maré nacional, com a sua publicação HLComix, que tanta falta faz no nosso país. Fica prometida outra visita ao FIBDA para que ele possa deixar a sua marca nas minhas HLComix.

Por fim, as editoras. Destaque fundamental para a Kingpin, que com C.A.O.S. e SUPERPIG, passa a ser a única editora portuguesa a publicar material com conteúdo nacional, em formato comicbook. Força rapazes! Fundamental também é a presença da BdMania como nova editora de Banda Desenhada, curiosamente também influenciada nos comics, mas trazendo uma inovação, um género de aliança transatlântica, ou seja, super-heróis retratados por artistas europeus e editados em formato europeu (fraco-belga de capa dura). A BdMania publicará ainda story-arcs fechados sobre super-heróis, de forma a não abrir precedentes como já foi feito no passado por outras editoras, inovando no plano estratégico.

Para animar o espaço durante o período de funcionamento do Festival, várias bandas vão marcando presença. Consultem a programação para mais informações sobre o FIBDA´06.

Espero que todos aqueles que não visitaram o FIBDA o façam depois de lerem este pequeno “resumo” do que podem encontrar por lá, sabendo que todos os dias serão diferentes. Se já fizeram essa visita, que tal voltar?


Nota: Este artigo pode ser visualizado em BDesenhada.com, onde podem ter acesso a mais fotos do Festival.

Mauro Bex : maurobindo

sexta-feira, outubro 20, 2006

PIC(K) OF THE WEEK #4


Ben Templesmith: esboço para Wormwood.


* Nota: ver 1º post com o mesmo tema.

Mauro Bex : maurobindo

quarta-feira, outubro 18, 2006

Exposição: RUI PAES no Teatro Nacional de S. Carlos

Rui Paes, um dos ilustradores portugueses mais conceituados da actualidade, tem os seus originais de "Pipas de Massa" expostos no Teatro São Carlos em Lisboa. A temática tem a ver com o último livro da diva da pop Madonna, "Lotsa de Casha", no seu original. Madonna tem no seu currículo vários livros para crianças, sendo este na minha opinião, o que está mais bem ilustrado, pois o trabalho de Rui Paes possui enorme qualidade. Se têm dúvidas, passem por uma livraria e aproveitem para desfolhar e apreciar esta obra.
Segue uma breve descrição sobre o evento, em baixo.


Os desenhos originais de Lotsa de Casha – Pipas de Massa na tradução portuguesa, vão estar a partir de hoje em exposição no foyer do Teatro Nacional de S. Carlos. A exposição estará aberta ao público até 26 de Outubro. Entre as 13h00 e as 19h00, os portugueses poderão apreciar as aguarelas originais que ilustraram o trabalho que o público de mais de uma centena de países conheceu. «Pipas de Massa» (Dom Quixote, 2005) foi o quinto livro de uma série de cinco histórias para crianças assinadas por Madonna, iniciada com As Rosas Inglesas em 2003. Cada uma das histórias contou com as ilustrações de um artista plástico diferente, escolhido expressamente para o efeito pela autora. «Pipas de Massa» teve em Portugal um lançamento internacional antecipado no dia 1 de Junho de 2005, Dia Mundial da Criança, justamente pelo facto de Rui Paes ser um artista português (nascido em Porto Amélia, hoje Pemba, Moçambique). Formado em pintura pela Escola de Belas Artes do Porto, tira o mestrado na disciplina no Royal College of Art de Londres, cidade onde vive e trabalha há vinte anos. No entanto, dadas as características da sua profissão, o carácter errante da sua vida é bastante acentuado, uma vez que, para além do trabalho de atelier, tem pintado murais e telas de grandes dimensões em casas e palácios de países tão variados como o Egipto e o Líbano, a Alemanha e a Noruega ou a Itália, onde esteve recentemente. A exposição que agora se apresenta ao público surge no contexto de uma colaboração entretanto iniciada com o Teatro Nacional de S. Carlos, entidade da qual partiu um convite para que Rui Paes ilustrasse um livro, com texto de Alice Vieira, no qual se conta a história do teatro a um público jovem, convite prontamente aceite. O artista estará presente durante toda a exposição.

in O Primeiro de Janeiro


Mauro Bex : maurobindo

sábado, outubro 14, 2006

Capas do 9ª #2 - SPAWN #30


Spawn é uma figura deveras interessante. Certamente haverá muita gente que acha precisamente o contrário. Ainda bem que sim, ou seria uma grande chatice. Eu sou daqueles que admira a personagem, como já deu para perceber neste blog, daí trazê-lo novamente ao 9ª. Motivo: as “Capas do 9ª”, rubrica que se encontrava inactiva há já algum tempo. Neste regresso a capa visada é SPAWN #30, uma das mais bem conseguidas ao longo dos já 160 números da série.

O anti-herói surge retratado enforcado, com a sua capa em farrapos e amarrado às próprias correntes. Qual será o significado de tais indícios? Em primeiro lugar existe um forte contraste entre fundo e figura. Um degradé muito suave de um amarelo quase sumido esbate até à cor branca, fazendo com que esse fundo evidencie Spawn no seu traje negro. Será isto sinónimo da sua luta interior? A sua batalha em não querer assumir parte do lado do bem ou do lado do mal? Talvez sim ou talvez não. Meras interpretações. Quanto ao próprio Spawn, este surge meio estropiado mas sem aparentes maleitas físicas ao contrário do que é costume. No entanto, a sua capa, símbolo do seu poder, está completamente desfeita, prestes a desintegrar-se. Será que Spawn desaparecerá de vez de quaisquer planos terrenos ou divinos? Nunca! Este homem tem mais vidas que um gato. Contudo, este não será um momento para Al Simmons recordar. Curioso ainda, é o suave movimento que nos é transmitido pela figura suspensa, e do seu corpo que delicadamente balança de um lado para o outro, preso a uma corda envolta ao seu pescoço.

Em jeito de conclusão, foco o seguinte: por muito estática que uma simples imagem possa parecer, existem por vezes elementos subtis que lhe conferem movimento, ritmo, elegância, combatendo essa aparente inércia. Greg Capullo e Todd McFarlane trabalharam bem tais elementos. Descubra por si mesmo essa dinâmica inerente às imagens “estáticas”, não só nesta capa, mas em todas as capas que lhe possam passar pelas mãos.
Boas leituras!

P.S. - Mais tarde foi feita uma action figure muito boa, inspirada nesta capa.

Mauro Bex : maurobindo

sexta-feira, outubro 13, 2006

PIC(K) OF THE WEEK #3


Alex Ross: Capa para Ramayan Reborn #1


* Nota: ver 1º post com o mesmo tema.

Mauro Bex : maurobindo

Nightmare Before Christmas -- DVD+BD

Jack Skelington é uma personagem pela qual nutro uma grande afeição. Toda a sua forma física e postura transmitem elegância, firmeza, subtileza equiparável a um qualquer ser majestático. Jack foi criado por um dos meus realizadores de eleição, Tim Burton, tendo a sua primeira aparição pública na grande tela em 1993. Foi sucesso imediato. Uma vasta linha de merchandising ajudou o filme a ter um tremendo boom.

O enredo é passado em Halloween Town (H.T.), onde Jack é o “Rei” dessa famosa celebração. Sally, moça boneca apaixonada pelo herói principal, foi criada pelo génio lunático do Dr. Finkelstein. Cansado da rotina, Jack decide explorar o que está para além do seu pequeno mundo, acabando por encontrar Christmas Town. Pasmado pelas gritantes diferenças entre este mundo e o seu, a personagem principal volta a H.T. e prepara o rapto de Sandy Claws (nada mais nada menos que o próprio Pai Natal – Santa Claus). Depois de contratar três das mais vis criaturas lá da terra (Lock, Shock e Barrel), meros lacaios de Oogie Boogie, Jack põe o seu plano em marcha trazendo Sandy Claws até H.T. num saco de presentes (no mínimo irónico). Jack assume o papel do raptado, partindo de H.T. num trenó com renas e um saco de prendas, correndo mundo e distribuindo presentes transformados e adaptados à realidade de H.T. Para saberem o resto da história, aconselho que vejam o filme, pois o DVD já está disponível há alguns anos.

Promovido e apresentado o filme e algumas das suas personagens, penso que será correcto afirmar que a sua passagem para livro era inevitável. Quem o fez foram os japoneses, editando “Tim Burton´s – The Nightmare Before Christmas” em formato manga (obviamente), traduzido depois para o inglês em 2005 pela Disney Press. Totalmente a p/b, os elementos nipónicos tais como exclamações, sons, praguejos, etc., foram mantidos de forma a deixar a tradução mais próxima do original, dando-nos um ligeiro toque de originalidade. O enredo é idêntico ao do filme, se bem que teve de ser compactado por razões óbvias, focando aquilo que realmente é importante ser mencionado. Alguns exemplos disso são a angústia de Sally em relação a Jack, na sua paixão não correspondida, a constante tristeza de Jack e do seu papel na sociedade, o mítico Mayor e ainda o odiado Oogie Boogie. O traço é fiel à criação original, retratando figuras e ambientes tal como estes surgem na película. Este é um óptimo livro para os admiradores do Pumpkin King e uma excelente forma de conhecer este universo fantástico e negro, criado por Tim Burton. Vejam o filme e só depois leiam o livro. Vão ver que sabe melhor. Caso contrário, aproveitem e abram o apetite com a leitura deixando o prato principal (DVD) para depois.

Boas leituras!


Mauro Bex : maurobindo