terça-feira, novembro 28, 2006

PIC(K) OF THE WEEK #6


Humberto Ramos: Wolverine


Mauro Bex : maurobindo

Michael Moorcock´s ELRIC: THE MAKING OF A SORCERER

Para um melhor aproveitamento e compreensão desta obra por parte do leitor, convém que o interessado tenha acesso aos 4 volumes que a compõem, caso contrário colherá algumas migalhas e não o todo em si. Em seguida, o facto de ser o próprio Michael Moorcock, criador de Elric, o responsável pelo argumento valoriza sobremaneira estes 4 álbuns. A arte, essa está a cabo de Walter Simonson com Steve Oliff. O que por vezes ocorre acaba por ser, no mínimo, estranho. Conseguimos assistir a determinadas composições em que é evidente “que o artista é um bom artista”, mas noutras questionamo-nos se realmente foi a mesma pessoa que o fez. O traço de Simonson é inteligente na maioria das vezes, mas parece ocorrer uma certa saturação em determinadas alturas que prejudica o todo das quatro obras. Talvez tenha havido pouco tempo para algo que merecia mais dedicação.

No universo temporal, esta estória passa-se no período imediatamente antes do primeiro livro escrito por Moorcock, Elric of Melniboné (edição portuguesa da Saída de Emergência), que dá início à famosa saga do príncipe albino. Por este motivo, muito havia a explorar e muita coisa interessante foi conseguida. Quero com isto dizer, que alguns dos pontos de interesse a que não temos acesso nos livros, são retratados aqui (a BD surge como complemento à literatura). Bom exemplo é a personagem do pai de Elric, o Imperador Sadric, na sua constante crise de decisão em relação ao próximo herdeiro do Trono de Rubi: o filho Elric, legítimo herdeiro, enfermo, frágil de corpo mas sábio, ou Yyrkoon, sobrinho do regente e figura típica melniboneana, cruel, forte e impiedoso. Resumindo, são ambos as duas faces de uma mesma moeda. Para provar a si mesmo de que é um ser capaz, não ao seu pai nem a ninguém, Elric parte em quatro jornadas, uma em cada livro desta Banda Desenhada da DC. Etapas de auto-superação e amadurecimento, os sonhos em que este herói (ou talvez deva chamar-lhe anti-herói) embarca fazem parte do ambíguo processo de selecção para ser o próximo Imperador da Ilha dos Dragões. Estes quatro sonhos remetem-nos para outra realidade paralela, onde várias análises e/ou abordagens podem ser feitas. Quando falamos de Elric ou Michael Moorcock, automaticamente pensamos em literatura fantástica. Mas não devemos esquecer que Moorcock foi um dos pioneiros do movimento New Wave da Ficção Científica, e que por vezes, o seu trabalho no campo do fantástico roça as fronteiras da FC. Quando estas etapas na forma de sonhos ocorrem, será que esta suposta realidade estará longe de acontecer na realidade em que vivemos? Quem sabe se, num futuro próximo ou distante, poderemos comprimir o tempo através dos sonhos, ganhar experiência de vida, viajar e conhecer novos seres e locais, tal como sucede nas aventuras de Elric. Já existem formas de fazer, hoje em dia, essa supressão temporal, mas não está ao alcance de todos. Enquanto isso, Elric vai assimilando a sua experiência e conhecimento de forma interessante no final de cada um dos álbuns, adquirindo saber de forma inconsciente, já que acaba por se esquecer de tudo quanto sonhou assim que os minutos seguintes ao seu despertar se desenrolam. No final dos 4 volumes fica a lição: não existe maior força e poder que o saber. É nessa busca constante por se aprimorar que o Príncipe albino se embrenha de forma incessante, pois a linhagem de onde provém é das mais nobres de que o tempo tem memória. Curioso o suficiente para se juntar a este jovem sábio?
Boas leituras!


Mauro Bex : maurobindo

segunda-feira, novembro 06, 2006

Capas do 9ª #3 - WORMWOOD #3


Ben Templesmith é um dos meus artistas preferidos. Principalmente por ter o seu lado “dark” muito bem desenvolvido. Para muitos, Templesmith é um pouco exagerado, chegando a ser desagradável e incómodo. Para mim, é apenas um artista de excelência, tanto pela forma como aborda as temáticas, bem como depois do processo conceptual estar concluído o passa para um suporte físico e palpável. Esta capa é um bom exemplo de como o autor tira prazer da simples hipótese de poder chocar os mais sensíveis ou de agradar veementemente os seus seguidores. Passando a um breve resumo, ou apanhado geral, esta capa é de uma série da total responsabilidade de Templesmith. Ele escreve o argumento e aplica-lhe o seu traço, enaltecendo a sua arte. Wormwood narra a história de um detective zombie apaixonado por Guiness, e do seu companheiro mecânico com tendências acentuadas para dizimar tudo o que venha de uns estranhos portais que fazem parte deste universo. Sem querer aprofundar muito, é também importante saber o contexto para que esta capa faça mais sentido, ou esta rubrica correria sérios riscos de não ter nexo algum. Existe um surto de seres alienígenas ou coisa semelhante, vindos de um qualquer plano ou dimensão, de onde só saem coisas meio vivas ou meio mortas. Estes germinam como rebentos, na barriga de qualquer humano, seja homem ou mulher. O próprio detective Wormie já foi apanhado por esta praga, numa fase inicial. Será Wormie a chave para o desenvolvimento desta indesejável espécie? É bem provável, a julgar por esta capa. Com o seu ventre já alugado, haverá forma de ultrapassar este esquema? Até à data tudo teve solução. Apesar dos fortes tons, bem quentes e garridos que marcam o seu ventre, o contraste com as cores do seu corpo e fundo demonstram vontades opostas. Irão os monstros propagar-se e tomar conta da cidade sem que nada seja feito? O detective responsável por evitar tais situações anda por cá, mas não existem dúvidas que estamos perante um evidente ponto de viragem. Aquele tentáculo não surge aleatoriamente na composição e Wormie não muda de polaridade por obra do acaso. Grandes surpresas se esperam, enquanto uma nova figura errante vem ao encontro da resistência do nosso investigador. Esta capa é o seu portal de entrada para este universo abominável. De que está à espera para entrar?
Boas leituras!


Mauro Bex : maurobindo