Esta é a segunda mensagem que tinha em rascunho há anos (como mencionado no
post anterior) e que me parece merecedora de ser finalmente publicada.
Lembro-me de pouca coisa de Watchmen, mas ao reler o que tinha escrito vieram-me algumas coisas à memória. Caso nunca tenham pegado nesta obra prima da 9ª Arte, recomendo vivamente.
"Confesso que foi com alguma ansiedade que peguei neste livro. A expectativa era muita, pelo "peso" que a obra tem, por já ter lido muitas coisas a respeito e por já ter iniciado a sua leitura numa livraria de NYC em Maio. Por teimosia ou tolice, não trouxe o livro comigo na altura, para depois acabar por encomendá-lo a um amigo que lá foi em Outubro. Pormenores...
Watchmen é provavelmente a
graphic novel mais aclamada da história da BD, logo, é uma grande responsabilidade escrever qualquer coisa a propósito. Assim sendo, vou tentar não me alargar demasiado, para que não corra o risco de deturpar opiniões.
Um dos factos mais interessantes a propósito de
Watchmen, é o de ser um livro que se debruça sobre o conceito dos super-heróis. É um livro que tem super-heróis, que no fundo não o são. Este conceito, arrisco-me a dizê-lo, parece já fazer parte do inconsciente colectivo dos estado-unidenses. O engraçado é que todos os super-heróis da estória não têm nenhum tipo de super-poder, à excepção do Dr. Manhattan, que como fui conversando com o Gabriel, mais se assemelha a Deus, por poder quebrar o espaço-tempo como e quando bem quiser e lhe apetecer e fazer tudo o que para nós, simples terráqueos, é impossível. É como se estivesse em todo o lado, ao mesmo tempo. Acho que a nossa mente ainda não desenvolveu a capacidade para compreender o que seria algo tão grandioso assim...
Um
masked-hero é morto no inicio do livro, seguindo-se uma série de acontecimentos que levam Rorschach, uma das personagens mais fascinantes do livro e também ele ligado aos Watchmen, a investigar sobre uma suposta conspiração para matar heróis de máscara. Toda esta trama parece idiota, mas é o fio condutor de uma obra com uma recta final surpreendente. As personagens são fascinantes e carregadas de ligações a um passado que foi comum, difícil e de certa forma nostálgico. Há um paralelismo (aliás, existem vários, quase intermináveis) muito curioso durante grande parte do livro sobre a estória de um sobrevivente de naufrágio em tempo de aventuras e pirataria "Tales of The Black Freighter", que espelha bem as semelhanças entre um tempo que parece remoto e a realidade dos anos oitenta nos
states, provando que nem tudo está tão mudado como pensamos. Metáforas, envolvimentos e enlaces sobram neste livro de Alan Moore. Seria o mundo um lugar melhor com estes
masked-heroes, com a sua humanidade indissociável, a sua incapacidade para se desligarem da realidade, vivendo nós num lugar mais seguro e próspero? Continuaria a reinar a conspiração, a inutilidade e as mesquinhez? Profundidade, consciência e mestria através da escrita, são a melhor forma que Moore encontrou para nos responder a muitas questões, mostrando-nos que o mundo talvez não seja um lugar assim tão comum. E a mente humana? Capaz do impensável...
Boas leituras! E anseio pela adaptação à 7ª Arte."
Achei curioso que tenha escrito este texto antes do filme ser feito. Sobre a película, já se sabia que adaptar um trabalho destes ao cinema ia ser muito complicado...
Mais recentemente saiu "Before Watchmen". Leram? Se sim, o que acharam da prequela?
Boas leituras!