quinta-feira, abril 26, 2007

300, ainda o Filme - Alguns dos responsáveis





Mauro Bex : maurobindo

300 - O Filme

Esta semana no 9ª fica marcada por uma homenagem a “300”, de Frank Miller e Lynn Varley. Em primeiro lugar a BD, depois uma capa, em seguida uma imagem e por fim, uma opinião sobre a adaptação à grande tela, feita pelo realizador Zack Snyder. É sobre esta última que me vou debruçar agora.
A minha expectativa neste filme era imensa, talvez das maiores que alguma vez coloquei em algo deste género. Muitos tinham sido os trailers e imagens que há muito circulavam pela net, bem como as mais variadas críticas, umas mais positivas, outras bastante más. Como tenho de ver para poder opinar sobre algo, nada como assistir à película assim que houve possibilidade. Só posso dizer que fiquei colado à cadeira do primeiro ao último minuto. As primeiras cenas estão muito bem conseguidas, mostrando-nos a realidade daquele povo antigo, desde o primeiro momento de vida de qualquer espartano. Só os mais fortes eram escolhidos. Não havia lugar para os fracos. Logo em seguida, a cena de entrada dos mensageiros persas em Esparta, qual cavalgada épica em movimento lento, verdadeiro começo desta jornada gráfica que recorreu às técnicas mais recentes para dar o devido tratamento às imagens, que são o essencial deste projecto bem-sucedido.
A partir daqui o enredo desenrola-se tal e qual como na Banda Desenhada, com extremo cuidado e fidelidade aos diálogos, posicionamento dos personagens no ecrã tendo em conta as pranchas de BD e toda a espécie de cenários e localizações. Obviamente que existem variadas adaptações, quer a nível das falas e das personagens, com particular destaque para Gorgo (Lena Headey), rainha de Esparta, que assume um papel de destaque durante o desenrolar do enredo, principalmente perto do final.
Em resumo, é graficamente que o filme ganha toda a sua força. Como referi, a fidelidade à obra original é notável (F. Miller é produtor executivo), não só no que diz respeito ao argumento como também na arte, aproximando-se muito às cores de L. Varley.
A escolha dos actores foi interessante, deixando de fora estrelas conhecidas, dando espaço para que outros talentos surgissem sem o receio de serem ofuscados. Quem saiu a ganhar foram os próprios actores e, mais tarde, todos aqueles que puderam assistir ao filme. Gerard Butler não podia ser melhor Leónidas, com um “rugido longo e forte, e cheio de riso” lembrando a linhagem espartana associada ao próprio Héracles.

Marcantes são todas as cenas de batalha, quer em quantidade quer em qualidade, fazendo lembrar autênticas coreografias. A determinada altura assistimos à movimentação de Stelios (Michael Fassbender) e do filho do capitão, que juntos parecem dançar comandados pelas suas armas, chacinando qualquer inimigo que se aproxime das suas lâminas.
Xerxes (Rodrigo Santoro) tem a presença imponente que se esperava de tal personagem, sendo a sua voz profunda e extremamente grave. O detalhe da sua caracterização é fantástico, bem como o seu trono dourado.
Muito fica para contar e descrever, pois a película, enquanto adaptação de BD à 7ª Arte, é a melhor que vi até hoje, disso não tenho dúvida alguma. Apesar de existirem críticas bastante negativas sobre o objecto em análise há uma coisa que deve ser reconhecida, em obra gráfica adaptada nunca se fez nada tão bom, quer gostem ou não. Se dúvidas houver, vão ao cinema mais perto, verifiquem por vocês mesmos e sucumbam ao poder das imagens, à força das cores e ao impacto da acção e dos movimentos de batalha. Comparem o livro com o filme (na net existe muita informação a esse propósito, basta pesquisar), coloquem lado a lado os dois e retirem daí as vossas conclusões.
O final, esse já todos o sabemos, como nos conta a História. História essa, que acabou por dar razão ao Rei Leónidas e aos seus bravos 300. Com Miller em 1998 e com Snyder em 2007, voltámos a falar dos feitos deste punhado de homens que lutaram pelos seus ideias e convicções. Segundo eles, pela liberdade. E que façanha foi…

Em jeito de boato e para terminar, parece que um segundo filme já está em discussão, com o filho de Leónidas à frente dos espartanos. Investiguem.


Mauro Bex : maurobindo

PIC(K) OF THE WEEK #14


Frank Miller e Lynn Varley - King Leonidas


Mauro Bex : maurobindo

Capas do 9ª #7 - 300 #5


Quase dez anos depois de ter sido lançada pela Dark Horse, a mini-série “300” de Frank Miller e Lynn Varley, anda nas bocas do mundo, muito por culpa da sua fantástica adaptação à 7ª Arte. Como tenho por hábito falar em determinados assuntos quando estes começam a arrefecer e a passar à fase de esquecimento momentâneo, é nessa altura que gosto de abordá-los novamente, pois dá-me um certo gozo, não sei bem dizer o porquê. Como tal, escolhi a capa #5 de “300” para figurar como #7 desta rubrica mensal.
O que temos nesta capa pode-nos dar um breve resumo do que é esta adaptação gráfica de Miller e Varley à 9ª Arte, da mítica batalha das Termópilas. Como dizia um antigo professor, “está tudo lá” e eu só posso concordar.
Vejamos: haverá melhor par de cores para representar a morte do que preto e vermelho? Também penso que não. No fundo, é de muito sangue e batalha que trata esta obra. Como temos patente na capa sangue salpicado, um fundo estritamente negro, um elmo gasto e marcado por uma qualquer arma, sem uma única presença humana, o desfecho que conhecemos (ou que podemos ficar a conhecer) é-nos transmitido com criatividade. O destino do Rei Leónidas está traçado, juntamente com o dos seus 300 bravos. Mas não é apenas de batalha e morte que nos “fala” esta capa. Ela demonstra a forma de estar de todo um povo, que sabemos à partida ter raízes guerreiras. A frieza, o estado de espírito e a atitude espartana estão chapadas nesta capa, pois apesar de saberem que a vitória não passa de uma miragem, de uma ténue esperança em sobreviver, nada os demove do seu objectivo que é tão simples como lutar pelos seus ideais. Contudo, a moeda tem sempre duas faces e existe um preço a pagar pelas decisões tomadas. No fim e como o Rei Leónidas aclamou (e o seu elmo o marca na composição) um dia, este acontecimento seria contado às gerações vindouras, ficando para todo o sempre registada nos anais da nossa História.
Espartanos, bravos guerreiros, homens de forte espírito e determinação férrea, não haveis lutado em vão. Em 2007, passados mais de dois milénios, ainda falamos de vós e dos vossos feitos com respeito e admiração. Esparta perdurará.
Boas leituras!

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Mauro Bex : maurobindo

Leituras FDS#4 - 300


Obra imprescindível para qualquer amante de Banda Desenhada que se preze, “300” já faz parte das obras-primas da história mais recente da BD, se assim a posso classificar, executada por um dos artistas mais conceituados da geração que marcou o panorama bedéfilo no final do século passado, Frank Miller. Diria mesmo que é uma obra obrigatória. Se ainda não a leu, então apresse-se a fazê-lo.
300” é inspirado na histórica batalha das Termópilas, decorria então o ano de 480 A.C. Convém esclarecer alguns críticos mais acesos, que livro não retrata factos históricos de forma 100% fiável, mas funciona como um género de romance histórico ilustrado, no qual o autor junta várias peças de veracidade histórica, mas ao mesmo tempo tempera-a a seu bel-prazer com vários pedaços de ficção, da forma que melhor lhe aprouver. É dessa forma que este livro deve ser entendido.
A acção divide-se em cinco partes, a saber: Honra, Dever, Glória, Combate e Vitória. Numa primeira instância, esta mini-série foi publicada pela Dark Horse (1998) em cinco comics e mais tarde compilada em formato italiano de capa dura em Portugal, pela Norma (2004), que enaltece bastante a qualidade do trabalho dos dois artistas.

“Marchamos.” Assim começam os espartanos, em busca de vitória. Nesta sua jornada, cedo se juntam os Arcádios, povo com a sua dose de coragem, mas sem grande tradição guerreira contrariamente aos seus compatriotas espartanos, que desde muito jovens passam por variadas provas de sobrevivência para a sua preparação para a vida adulta, onde só os melhores guerreiros são naturalmente seleccionados.
No centro do enredo está Leónidas, Rei de Esparta e dos espartanos. Cedo conhecemos este homem pela forma como pensa, age e transmite a sua sabedoria. Daí os seus homens o terem como exemplo, seguindo-o para qualquer local ou destino, sem perguntas nem dúvidas. E é Leónidas que traça esse destino bem cedo, aquando da recepção ao arrogante mensageiro persa. É neste momento que o Rei decide enfrentar o inimigo com a sua guarda de elite, os 300.
O resto é história, que deverá ser lida. Os 300 bravos lutam, resistem e derrotam, desde comuns guerreiros até outros ditos imortais (até que o seu nome é posto à prova). Pelo meio o exército de Xerxes vai perdendo gás e o próprio Rei-Deus é levado a sentir um arrepio muito humano na espinha. O confronto final reserva-nos algumas surpresas, se bem que o desfecho é conhecido e inevitável.
A arte do desenho fica a cabo de Frank Miller, que é simplesmente excelente. É típico da sua pessoa, não trazendo nada de extraordinariamente novo para quem conhece o seu trabalho, se bem que se nota uma constante evolução na sua obra, e “300” é um desses pontos altos.
A cor, da responsabilidade de Lynn Varley, é das melhores aplicações de aguadas que vi em BD. O espírito de “300” é captado na perfeição através da coloração dada pela artista, misturando os tons castanhos, amarelos e ocres, transmitindo-nos uma atmosfera de antiguidade distinta, aproveitando os cenários nocturnos para trabalhar cinzentos, lilases e azuis. Certas vinhetas mereciam destaque de página inteira, mas como é óbvio tem de existir selecção. Em cenas de batalha, tons vermelhos são predilectos, mesclando-se novamente com as tonalidades escolhidas para retratar a antiguidade da história.
Se dúvidas houver em relação à qualidade da obra, esta venceu 2 Prémios Harvey em 1999 (Melhor Série e Melhor Cor), 3 Prémios Eisner em 1999 (Melhor Série Limitada, Melhor Autor Completo e Melhor Cor), Prémio Salão de Barcelona 2000 (Melhor Obra Estrangeira), entre muitos outros. Mais uma prova é a sua recente adaptação à 7ª Arte, como posso comprovar, com grande sucesso.

Depois de ler o original e mais tarde a tradução para o português, pouco tenho a apontar neste campo. Existem frases marcantes durante todo o livro e são nessas mesmas frases que o teste é feito ao tradutor. Com relação à colocação do texto nos balões e afins, louvo o trabalho da pessoa responsável por tal tarefa. Deve ter sido de arrancar cabelos, pois o espaço era mínimo, obrigando a partir o texto na grande maioria dos casos, dificultando a leitura, mas diga-se de passagem que não havia grande alternativa.

Para terminar, “Se algum dia uma alma livre aqui passar, nos incontáveis séculos ainda por vir, que as nossas vozes lhe sussurrem desde as pedras sem idade: vai dizer aos espartanos, viajante, que aqui, pela lei espartana, jazemos.”, “Para a vitória, carregamos.”.
Boas leituras!


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Mauro Bex : maurobindo

terça-feira, abril 10, 2007

Leituras FDS#3 - Loki


Editado pela Devir em finais de 2005, Loki (mini-série de quatro números, aqui compilada em formato capa mole) é um título que fará as delícias dos amantes de todo o universo Asgardiano. Basicamente, Loki trata sobre “Ajoelhai-vos, deus do Trovão. Ajoelhai-vos perante o vosso conquistador. Ajoelhai-vos como a vossa justa paga perante Loki, filho de Laufey. Ajoelhai-vos tal como toda a Asgard o faz, perante o seu senhor por direito.”, mas é muito mais profundo e elaborado, sendo uma óptima leitura para que o leitor treine o seu discurso na terceira pessoa. É que, como estamos perante um enredo que se desenvolve à volta de deuses, estes tendem a utilizar o discurso mencionado, digamos que mais antigo, soando maravilhosamente a qualquer ouvido mais interessado. Opções à parte, temos uma versão que não é a mais habitual, ou seja, o discurso, a história, a vivência daquele que, normalmente, é o menos amado. Em Loki é-nos dada a versão do mau da fita. Ao mesmo tempo, temos mais disponibilidade para ficar a conhecer o meio-irmão de Thor e o porquê de Loki ser filho de Laufey e o motivo pelo qual Odin o perfilhou. Durante a estória assistimos à curta ascensão do deus da trapaça ao trono de Asgard, aos vários diálogos que este vai travando com alguns dos seus “aliados” nessa conquista, às visitas aos “convidados especiais” das masmorras tais como Lady Sif, Balder e claro está, Thor. Já mencionei que este último inicia este título de joelhos, humilhado perante toda a Asgard? Não é um bonito quadro para os fãs do deus do trovão.Interessante foi poder perceber como Loki lida com o seu novo estatuto e o conflito interno que esta situação vai gerar na sua mente ardilosa. Loki sabe que no fundo, Thor foi o único dos irmãos que nunca nutriu indiferença por si. Não falo de desprezo ou humilhação, apenas de um sentimento que acabou por levar Loki a nunca querer eliminar Thor, mas apenas tratá-lo da mesma forma, a pagar a humilhação e o desdém na mesma moeda. Este será o sentimento que os ligará a ambos para sempre. No fim de contas, Loki procura mostrar a todos os habitantes do reino que tem a capacidade de diminuir o adorado Thor aos mais ínfimo ponto, até mesmo matá-lo se assim o desejasse. Curioso ou não, não é isso que o deus da mentira pretende, e esse vai acabar por ser o seu fado. “Eis o infeliz paradoxo: o trapaceiro pode enganar a todos menos a si próprio.”; é este o fio condutor de toda a trama.

Passando à arte que não a da escrita, esta está simplesmente soberba. O tipo de traço de Esad Ribic assenta que nem uma luva aos espaços físicos e temporais onde se desenrola o argumento de Robert Rodi, sendo depois colmatado com uma aplicação de cor que consegue acompanhar, ou até mesmo superar tudo o resto, pois a mesma é aplicada de forma directa no desenho, sendo toda a BD uma autêntica pintura. É a mesma técnica que o artista utiliza nas várias capas que executa, mas que, neste caso, foi trabalhada na totalidade da obra com resultados acima da média. Confesso que fiquei surpreendido com o nível de pormenor e cuidado com o detalhe, não muito comum no mundo dos comics. Tal surpresa foi bastante agradável, já que na maioria dos casos o estilo utilizado nos comics não passa por este tipo de abordagem gráfica, infelizmente. Parece que têm de ser os europeus a “chocalhar” um pouco os hábitos dos estado-unidenses a que todos nós fomos habituados. Como conversava há dias com dois colegas, parece que os pormenores mais minuciosos e os fundos trabalhadíssimos ao mais ínfimo detalhe são exclusivos do estilo e mercado europeus. São estilos, cada um com os seus prós e contras. Ainda bem que existe diversidade e opção de escolha, caso contrário voltávamos ao tempo da outra senhora, como parece ser o desejo de muita gente. Realmente a memória portuguesa é curta e a ignorância continua a servir-se a rodos. Analogias à parte, digo-vos que dá vontade de voltar ao início quando chegamos ao fim, nem que seja só para folhear o livro e apreciar a arte de Ribic. No final existe um pequeno mimo, as quatro capas originais da mini-série, todas de Ribic.

Fazem falta mais publicações de BD em Portugal, pois quanto maior for a opção de escolha mais bem servidos estamos. Mais, no caso concreto da Banda Desenhada nunca é demais. A Devir deve continuar a apostar neste nicho de mercado, onde me parece, se sente mais à vontade que em tudo o resto. Têm muito a ganhar e nós, os leitores e seguidores da 9ª arte, também o temos. Não desistam que nós agradecemos. Nunca.
Boas leituras!

P.S. – Obrigado ao Renato pelo empréstimo do livro. Haja alguém com quem se possa ir trocando BD. Ufa!


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Mauro Bex : maurobindo

300 @ Algarve Shopping


O meu amigo Marcus, aka mawalien, visivelmente excitado depois de sairmos da sala onde assistimos ao magnífico "300". Foi fantástico!

segunda-feira, abril 09, 2007

She Wants Revenge - Tear You Apart

Não há uma sem duas. Assim sendo, aqui está novamente o duo de L.A., com o mesmo tema "Tear You Apart", em versão de adaptação (principalmente) a Sin City, mas também com excertos de "Kill Bill" e não só. Talvez haja uma 3ª vez...
Enjoy.