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A história do Recruta Zero é longa, contando com mais de 50 anos de publicações. Da autoria de Mort Walker, Zero começou por ser um estudante universitário de nome
Spider (publicado pela primeira vez em 1950), mas foi passado um ano que a sua popularidade disparou. Durante a guerra na Coreia, a personagem alista-se no exército para prestar serviço à nação e o cenário passa do
campus universitário para o quartel. Foi uma aposta de génio por parte de Mort Walker, como a história hoje nos mostra. Fundamental, é sabermos que Zero surgiu publicado no formato tira cómica, criado por um homem que se dedicava à arte do
cartoon. Enquanto a personagem ganhava fama, surgiam alguns dissabores, muitos deles mostrando ser benéficos. Exemplo disso foi o facto de a publicação ser banida do jornal das Forças Armadas dos E.U.A. (
Stars & Stripes) em 1954, por ser considerada subversiva. Acabou por ser uma alavanca que catapultou Zero na escala de popularidade. A censura mostrou ser um bom veículo de promoção.
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Ao longo dos anos o “Quartel Swampy” foi palco das mais variadas críticas ao povo dos
states, ilustrando factos, sempre com uma forte componente social e tentativa de mudança de mentalidades. Walker introduziu, nos anos 70, o primeiro personagem negro na história da série e, na década de 90, o primeiro asiático. Tanto um como o outro, nas épocas em que foram inseridos, voltaram a causar burburinho pelo país fora (E.U.A.), levando a boicotes nos vários jornais onde diariamente as tiras eram publicadas. O forte impacto que Zero produzia nas pessoas era tal, que acabava sempre por mostrar ao povo muita da hipocrisia vivida no exército, sendo que Walker se inspirou em pessoas e factos reais para as personagens e acontecimentos do Quartel
Swampy, tendo o próprio servido no exército durante quatro anos enquanto jovem. É possível afirmar que a “vidinha mais ou menos” do Quartel
Swampy influenciou e despertou muitas mentalidades, mostrando que o quotidiano de todos nós já teve momentos idênticos.
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Pouco mais haverá para dizer de Zero, Tainha, General Dureza, Dentinho e companhia (todos nomes brasileiros, pois ainda hoje o que chega a Portugal sobre Beetle Bailey é traduzido para português do Brasil; caso contrário penso que só neste séc. XXI o Recruta Zero teria chegado à cauda da Europa…), a não ser o seu evidente sucesso e reconhecimento no virar deste novo milénio.
Em jeito de nota e a saber, Zero circula hoje em dia em mais de 1800 jornais, em cerca de 50 países e é lido por mais de 200 milhões de pessoas diariamente (eu sou um deles). Sobre o autor de Beetle Bailey, Mort Walker, ele fundou o “Museum of Cartoon Art”, o primeiro museu dedicado à preservação e dignificação da arte dos
comics. Actualmente é conhecido como “The National Cartoon Museum”.
Walker publicou vários livros sobre a personagem. Alguns dos mais famosos são “50 Years of Beetle Bailey” (2000), “Beetle Bailey Celebration” (2005), “The Best of Beetle Bailey” (2005), todos eles no seu original e, pela mão da Opera Graphica do Brasil, “Recruta Zero”, uma compilação com o melhor da personagem desde os primórdios dos anos 50, fazendo uma abordagem evolutiva durante as décadas seguintes até aos anos 90.
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Em relação a este último, como pude comprovar o seu verdadeiro interesse e valor, é realmente uma boa leitura para aqueles que desejam conhecer Zero ou simplesmente recordá-lo, pois a obra compila o melhor de sempre Beetle Bailey.
Nos dias que correm, alguns dos filhos de Walker já assumiram a continuidade de Zero, com principal destaque para Greg Walker que juntamente com o pai assina por baixo de cada tira cómica. O legado está garantido, para bem da história do
cartoon e da Banda Desenhada. Fica uma das frases míticas do Recruta mais calão da história: “Sempre que sinto vontade de trabalhar, me deito e espero ela passar”.
Boas leituras!
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Mauro Bex : maurobindo
2 comentários:
Cresci com o Recruta Zero, e achava que ele falava brasileiro.
Obrigada aos meus pais que me deram outras pérolas, como o Mandrake e o Fantasma :)
Com um bocadinho de sorte, ainda escrevo uma rubrica sobre esses dois um dia destes. Até lá, tenho de pensar em qual será o próximo histórico a vir à tona memórias de outros tempos.
Bejufas!
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