Este era o mote de abertura para uma rubrica que durante meses andou esquecida. Esteve praticamente extinta, pois tinha-me esquecido completamente da sua existência. Para marcar o seu regresso, nada melhor que Banda Desenhada nacional.
Referindo companheirismo, é disso que o título trata, abordando questões várias, levando-nos a entender e mostrando-nos que por muitas mulheres que existam, no fundo o que perdura são as amizades. Fala-nos também de virgens que não o são, mas que as há, há. Bonecas cibernéticas, naves que se pilotam como se fosse sempre a primeira vez na vida (aqui sim, o conceito de virgindade e transformação final), seres de todos os cantos da galáxia que se encontram ao fim do dia, tarde ou noite para uma boa sessão de copos (como o mais comum dos mortais já vivenciou). Os diálogos são ricos e aprazíveis de ler. A organização e disposição dos elementos artísticos é arrojada, pois cada página comporta apenas uma só prancha, criando uma experiência diferente ao leitor, deixando que cada página seja individualizável e que tenha vida própria, sem nunca ser indissociável das restantes. Se não estamos perante uma raridade, tenho de classificar o acto desta publicação, no mínimo como digno de registo para a posteridade. Virgin´s Trip quebra paradigmas de narração, de composição, de aposta num mercado, que quanto a mim parece estreitar-se cada vez mais, sem fugir ao seu ideal, ao seu corpo e alma própria e que lhe estão embutidos, conquistando um lugar de destaque nas publicações de 2006. Dou-lhe nota alta pela qualidade inerente à obra, pela sua versatilidade. Sem dúvida um dos livros de Banda Desenhada nacional do ano transacto. Bem dita 4ª Feira Laica, onde pude adquirir o meu exemplar. Parabéns à rapaziada!
Uma pequena curiosidade que se prende com o tipo de abordagem à cor e traço utilizados ao longo de Virgin´s Trip. Num livro que li recentemente, “Mort Grim” de Doug Fraser, estas duas componentes são muito semelhantes, principalmente pelos tons amarelados e escala de cinzas, que no título português são mais carregados pelo tipo de ambiente em que se passa a acção. Se por ventura tiverem possibilidade, leiam-no também. No mínimo interessante.
Boas leituras!
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Mauro Bex : maurobindo
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