quinta-feira, janeiro 11, 2007

Históricos do 9ª #0: CONAN


Este personagem vai fazer as honras da casa, sendo o 1º escolhido para inaugurar a rubrica “Históricos do 9ª”. Como já repararam falo de Conan, figura mítica (convém, pois caso contrário não teria feito parte dos possíveis candidatos a constar aqui) do mundo Fantástico, que depois de percorrer o universo literário, acabou sendo representado em Banda Desenhada, cinema e séries de TV. Avancemos então com algumas curiosidades do seu percurso histórico.
Criado por Robert E. Howard, Conan foi publicado pela primeira vez em Dezembro de 1932, com o título “The Phoenix on the Sword”, na conceituada revista Weird Tales. Howard, durante a sua curta vida (1906-1936) imortalizou várias personagens, entre elas King Kull, Salomão Kane e Red Sonya (não confundir com Red Sonja, criada em 1974 por Roy Thomas; leia aqui a propósito), mas foi sem dúvida o Bárbaro que recebeu maior aceitação por parte do público, sendo hoje uma das principais referências masculinas do género Fantástico, muito por culpa do filme de 1982 “Conan – O Bárbaro”. Ao referirmos Conan, automaticamente nos é trazido à memória a imagem do agora Senador da Califórnia. Logo, está mais que provado que o Cimério é uma figura histórica que faz parte do imaginário de muito boa gente.

Mas e então na BD? Bem, o percurso nesta área começa por volta de 1970. Nessa época foi a Marvel quem apostou neste herói, com a dupla Roy Thomas (enredo) e Barry Smith (arte) à frente da série, que se manteve no activo durante 275 números (até 1993)! Abriu-se assim uma nova porta e muitos foram os artistas e colaboradores que se conheceram até ao término desta aventura. Mas estes dois primeiros senhores foram quem deu o impulso inicial a Conan para um novo público, os amantes da 9ª arte. Mais tarde John Buscema assumiu o comando artístico da série, catapultando-a e fazendo disparar as vendas de Conan pelo toque selvagem que deu à personagem. Este foi provavelmente o artista que mais trabalhou o Bárbaro no mundo da BD. É bem notório nas imagens anexas, a diferença entre o traço de Buscema e o de Barry Smith. Um traço mais forte, marcante e carregado no 1º artista, enquanto o 2º o representava de forma mais sinuosa, subtil, com um certo ar de magia demasiadamente vincada.

Findada a antiga série dos anos 70, que como já referi se estendeu até 1993 (23 anos), a Marvel, que era a detentora dos direitos de Conan, fez mais algumas apostas para o ano de 1994: “Conan Classic” (de Junho de ´94 até Abril de ´95) e “Conan” (a chamada série de 1995) que se prolongou desde Agosto de ´94 até Junho de ´96. Parece que o sucesso não foi o esperado, daí nenhuma das duas séries ter tido uma duração extensa, pois não chegaram a durar 2 anos. Mas pelo meio foram surgindo muitas outras, sempre pela mão da casa das ideias, como por exemplo “Conan The Adventurer”, “Conan Saga”, “Conan The King” e alguns arcos especiais tais como “Conan The Barbarian - Movie Special”, “Conan The Destroyer”, “Conan vs. Rune” e a derradeira publicação da Marvel “Conan: Flame and the Fiend” de 2000, que contou apenas com 3 números.

Seguiu-se depois um interregno de 4 anos, uma espécie de limbo para Conan, sem se saber quando voltaria a existir uma editora disposta a adquirir os direitos necessários para uma publicação regular. Chegado o ano de 2003 a Dark Horse Comics (DH) e a Conan Properties International anunciavam o que muitos esperavam há anos. Em Março de 2004 arrancaria uma nova história baseada na personagem criada por Howard, adaptada a partir dos contos já existentes. Para equipa criativa foram seleccionados Kurt Busiek (argumento/adaptação) e Cary Nord (desenho), de forma a dar novamente vida ao herói, trazendo Conan ao conhecimento de um público mais jovem, mais moderno, décadas depois das histórias de Howard terem nascido, dando a estas um tratamento mais do que merecido, após alguns anos de incertezas. O facto de a DH ter “pegado” na personagem, cedo deu os seus frutos. Como iniciativa, e de maneira a cativar novos leitores e a trazer os antigos fãs de volta às leituras desta personagem épica, a editora publicou “Conan #0: Conan The Legend” com o preço de 0,25$, exactamente o mesmo preço aquando da primeira aparição de Conan na revista Weird Tales, em Dezembro de 1932. Este número é um prelúdio à série regular que a partir daí ganhou embalagem, continuando de vento em popa até ao dia de hoje com “Conan #35”. De referir também que este issue #0 ganhou em 2004 um prémio Eisner para “Best Single Issue”. Antes de terminar, quero agradecer à DH por ter publicado já 11 compilações (os famosos TPB´s) dos antigos arcos publicados originalmente pela Marvel, um verdadeiro doce para os amantes da personagem e do género. Fico a aguardar o 12º tomo.

No fim de tudo isto talvez se perguntem se Conan é realmente um histórico da 9ª arte, pois não foi uma personagem criada de raiz neste universo artístico, mas transitou do universo literário para muitas outras formas arte, a Banda Desenhada incluída. No fim de contas, talvez ele o seja para muitos. O sucesso dos comics na DH assim o confirmam. O seu passado na Marvel cimentou Conan como figura ímpar na 9ª arte. Por estes e muitos outros motivos, elegi Conan como o Histórico nº1, aquele que vai trazendo esperança a muitas outras personagens.
Boas leituras!


Não dê erros, verifique os seus textos no flip online
Mauro Bex : maurobindo

Sem comentários: