terça-feira, dezembro 19, 2006

ERAGON: O filme


Senti-me tentado a escrever novamente sobre este assunto, pois já o tinha feito anteriormente neste blog (sobre o livro e divulgando o filme), desta vez por ter finalmente ido ao cinema ver o filme em questão. Escrevo também, por ter lido já algumas coisas sobre o mesmo, concordando com umas, discordando com outras. Mais uma vez, e como sempre, trata-se apenas de uma opinião, a minha.

Sintetizando ao máximo (pois o poder de síntese é algo difícil de conseguir, deixando-nos na maioria das vezes perdidos e a viajar pela maionese, que tão bem nos sabe), vou procurar focar o que me ficou na retina. Primeiro, o filme é demasiadamente curto para fazer jus ao livro, mas nestas questões de adaptações já se sabe, muita coisa se perde, mas outras se conquistam. É por aqui que temos de compreender umas coisinhas, tais como custos de produção e público-alvo. Infelizmente, este filme é direccionado principalmente a um público infanto-juvenil, e aguentar as criancinhas sentadas durante 1h:45m é obra (eu que o diga, pois vi-o acontecer), quando quem leu o livro e conhece a história queria e aguentava 3h à vontade. Mas nem tudo é como se quer, e repito, há que tentar entender o porquê. Penso que a produtora não quis arriscar demasiado, como se verificou nos casos de “O Senhor dos Anéis” ou “Harry Potter”, sequelas já afirmadas e (re) conhecidas do público em geral, com uma legião de fãs pelo mundo inteiro. É aqui que, no meu entender, reside o busílis da questão. Não seria de apostar/arriscar mais nesta produção? Parece que não. Assim sendo, adiante, os fãs que aguentem, pode ser que se este 1º filme for rentável a aposta suba de valor para a sequela.
As consequências desta decisão fazem-se notar, sendo evidente a falta de desenvolvimento e aprofundamento no treino de Eragon dado por Brom (essencial no decorrer de toda a trilogia, muito pouco explorado na película), na sua jornada até aos Varden (ultra-mega-rápida), da sua curtíssima estadia em Farthen-Dûr, etc., etc., etc. Fica sempre a sensação de que algo mais se poderia ter passado, pois as próprias personagens que vão surgindo no enredo caem quase que de pára-quedas, ou seja, para quem não leu o livro fica “a apanhar bonés”.
Quanto a representações, pouco tenho a apontar, já que a mestria de Jeremy Irons (Brom) é evidente, catapultando o filme lá para cima. Robert Carlyle (Durza) já o tinha visto em “Trainspotting” e a sua qualidade foi fundamental para uma personagem que está muito bem conseguida. Temos ainda um John Malkovich discreto, o que era de esperar, já que a figura de Galbatorix pouco surge e nada fala durante o livro. Quanto ao estreante Ed Speleers (Eragon), achei-o confiante e com uma tonalidade de voz grave (pouco comum para a sua idade), factor importantíssimo para esta personagem por ser ele o “salvador” deste mundo que é Alagaësia; ainda assim, a falta de experiência deste é visível em passagens que requerem um carácter mais emocional, mas julgo-o no bom caminho.
A fotografia é boa, com paisagens magníficas e cenários criados em computador bem elaborados. Por outro lado, a falta de experiência do realizador (outro estreante) acaba por transparecer a todos nalgumas captações de planos feitos a partir de helicóptero, que na edição não merecem a atenção necessária. E claro, o argumento não é o que se esperava, ficando muito aquém das expectativas, prejudicando o todo.
No fundo, o que de melhor se conseguiu nesta aventura cinematográfica foram os efeitos especiais, destaque absoluto para Saphira. Está simplesmente fabulosa, um dragão (fêmea) fantástico! Confesso que tinha grande apreensão neste ponto, pois para além de ser fã acérrimo destes seres míticos, acabo por exigir muito de quem os cria visualmente. Foi uma agradável surpresa. A sua voz é-nos dada por Rachel Weisz, que está longe de ser a ideal, pelo simples facto de ser monocórdica do início ao fim. Em momentos de maior tensão a sua suavidade poderia ser mais aguerrida, sem nunca esquecer que Saphira é uma jovem.
Pormenores à parte, que são a essência de um bom filme, era esperado mais e melhor, se bem que acabo por compreender certas decisões e direccionamentos, não estando necessariamente de acordo com tudo. Globalizando e para terminar, penso que os admiradores deste mundo criado por Christopher Paolini vão gostar de se deslocar até às salas de cinema, pois para além de não aspirar a épico, o filme acaba por ter muito de interessante.
Lá se foi o poder de síntese, vencendo novamente o poder de navegação pela maionese. Fiquem com duas das frases mais marcantes desta primeira adaptação ao grande ecrã. Na realidade, acabam por dizer muito do que é este filme:
“That's the spirit – one part brave, three parts fool.” Brom
“I expected you to be – well, more...” Durza


Não dê erros, verifique os seus textos no flip online
Mauro Bex : maurobindo

3 comentários:

João Rosa disse...

Concordo contigo. Eu achei o filme decepcionante e o Speleers não me encheu as medidas. Como tu dizes é a opinião de cada um.

Unknown disse...

Eu gostei do filme. Apesar de o meu contentamento não ser grande, pois penso que muita coisa ficou por representar, ou seja, para quem leu o livro e gostou da obra, sinceramente acho que merecia mais. Eu assim o esperava... Mas longe de mim não ter gostado.
O Speleers é um novato e como tal temos de lher dar tempo para amadurecer. É um papel de grande projecção para quem está a começar. Não desgostei do miúdo. Há ali potencial. Vamos esperar pelo segundo filme pacientemente e ver no que dá.
Entretanto, que venha o 3º livro. Sabes de alguma previsão?

João Rosa disse...

Só sei que vai haver sangue :D