Sem grandes expectativas, comecei há uns meses a ver "Arrow", a série televisiva que aborda a vida de Oliver Queen, o Green Arrow criado pela DC Comics há décadas. Não podia estar mais enganado relativamente ao conteúdo. Fiquei surpreendido pela positiva e fiquei fã da série. Neste momento a 2ª temporada já vai no episódio 5, mas vou focar um pouco na 1ª.
Algo que para mim é fundamental para que uma série televisiva seja credível é forma como constrói as suas personagens. Um protagonista forte tem carácter, é fiel aos seus princípios e instintos, mesmo que muitas das vezes esteja errado nos julgamentos que faz. Ao mesmo tempo, sabe reconhecer o erro perto daqueles em quem confia. Oliver Queen era um playboy, um tipo com dinheiro e tempo a mais. Um dia decide embarcar com o seu pai numa viagem de barco até à Ásia para de lá nunca mais voltar. Ou assim pensavam familiares, amigos e tablóides. 5 anos depois Oliver retorna a Starling City. Mas não é o mesmo. Ele teve de se tornar noutra coisa, noutra pessoa.
"Arrow" deixa-nos acompanhar Oliver na sua jornada de vigilante, aquele que quer salvar uma cidade como promessa ao falecido pai. O enredo ganha densidade com constantes viagens ao passado de Oliver, nos 5 anos em que esteve desaparecido numa ilha distante e com características muito próprias. É esta ilha do inferno que molda o novo Oliver, que o torna perito no arco e na flecha, mas temos de ver mais para saber mais.
Mas Oliver não está sozinho. Gradualmente vai reunindo à sua volta uma equipa de bastidores, da qual fazem parte Digg e Felicity, um ex-militar e segurança de Queen e uma nerd informática que consegue entrar em qualquer sistema do mundo. Aliados preciosos para uma demanda que todos os dias roça a morte. E é neste aspecto que a série volta a ganhar pontos. Não é só o protagonista a pedra forte deste jogo, Laurel, a ex-namorada, e o seu pai, o detective Lance, são peças enormes neste tabuleiro que é Starling City. A própria família de Oliver, Moira e Thea, mãe e irmã respectivamente, são de uma importância enorme no desfecho de tantos acontecimentos. Não estão lá por estar, para encher o ecrã, preenchem a história e dão-lhe fundamento e realidade.
Mas chega de palavreado, se têm curiosidade como eu tinha e ainda não viram "Arrow", fica a minha recomendação. Aproveito para levantar um pouco o véu de algo interessante na 2ª temporada, aliás, duas coisas: a introdução de várias personagens do universo DC, muito mais do que na season 1, e uma guinada de abordagem de Oliver enquanto vigilante, que, aparentando cair no cliché e simplicidade, verificamos muito o contrário, ficando assim a personagem muito mais enriquecida.
Para finalizar, um bom exemplo desta mudança de que falo da primeira para a segunda temporada, no mote que abre cada episódio.
SEASON 1
"My name is Oliver Queen. For five years I was stranded on an island
with only one goal. Survive. Now I will fulfill my father's dying wish.
To use the list of names he left me and bring down those who are
poisoning my city. To do this, I must become someone else. I must
become... something else."
SEASON 2
"My name is Oliver Queen. After five years on a hellish
island, I have come home with only one goal... To save my city. But to
do so, I can't be the killer I once was. To honor my friend's memory, I
must be someone else. I must be... something else."