domingo, maio 18, 2008

Silver Surfer: Requiem



Há tempos atrás, tal era a fuçanga de ler novo do Surfer, que decidi ir lendo a mini-série “Requiem” à medida que os números iam saindo, coisa que habitualmente não faço, pois gosto de ler uma história do principio ao fim, sem interrupções (quando de mini-séries se trata). Não deu grande resultado. Depois de dois números larguei e só voltei a pegar nos comics um tempo após a sua conclusão. E se valeu a pena ler tudo seguidinho…

Para além do argumento de Strackzinsky estar soberbo, a arte de Ribic acompanha a classe (arrisco mesmo dizer que a supera). Mas quanto à arte, já lá iremos. Centremo-nos no argumento, na escrita, nos diálogos e rumo que a estória leva, conduzindo-nos pela derradeira jornada do Surfista. Sim, o homem vai morrer, ou a série não se chamaria “Requiem”. Ao sentir o seu corpo começar a ter uma estranha reacção, o Surfer visita o seu amigo Reed Richards e os restantes Fantastic Four. Ao contar a sua enfermidade a Reed, este submete-o a uma série de testes dolorosos que só confirmam aquilo que já é sabido, a matéria cósmica que protege o Surfista do frio espacial e do calor das estrelas está a desintegrar-se. Sue desfaz-se em lágrimas durante horas a fio, sem que o consiga controlar. Apesar de tudo, foi Norrin Radd quem salvou a Terra de Galactus com a ajuda dos 4 Fantásticos. Após diagnóstico irreversível, o Surfista parte agradecendo a amizade de Reed e Sue e tudo o que tentaram fazer por ele. Restam-lhe poucos dias de vida e um planeta para revisitar. E ainda um outro para regressar… assim termina o #1.

No #2, o S.S. começa com um pequeno auxílio ao Homem-Aranha, numa luta com um daqueles patifes, resolvendo o problema num ápice, para espanto do aranhiço. Segue-se uma longa conversa entre os dois, que acaba por nos dar a entender muito do que vai na cabeça dos dois. A surpresa deste segundo número é o facto do Surfer conceder ao Homem-Aranha uma viagem inesquecível, que este declina em detrimento de Mary Jane. Ao aceitar tal honra, Mary Jane viaja por breves instantes pelo cosmos na companhia do Surfista. No retorno, a emoção ocupa o seu lugar, devido à experiência memorável e única vivenciada pela moça. Um portento.

O terceiro comic trata sobre o regresso do protagonista ao seu planeta natal, Zenn La. Mas ainda não será desta que tudo ocorre sem contratempos. Pelo caminho o prateado dá de caras com uma infindável guerra entre duas raças que teimam em não se entender. E tudo para divertimento de duas almas. Os dois governantes máximos de ambos os povos fazem a população viver uma farsa que se arrasta há milénios, fazendo desta guerra um simples acto de entretenimento para ambos, que se consideram os mais superiores de entre a sua própria raça. Óbvio que vai dar bronca. Alguma vez o Surfer ia ficar de braços cruzados perante tamanha crueldade? Não só dá uma boa lição aos dois como ainda fica eternamente representado como o ser responsável pela transformação das vidas daqueles povos, quer em estátuas ou histórias.

No quarto livro, o poético retorno do habitante mais adorado e desejado, para morrer nos braços da sua eterna amada Shalla Bal.

Para finalizar, um breve apontamento à arte de Ribic. Quem passa a vida a desenhar tem de ter cautela com um pormenor, o de não se deixar estagnar na sua evolução artística. Esta máxima aplica-se a todas as profissões, mas há umas mais visíveis que outras. Até agora, Ribic não só tem mantido o seu nível bem elevado como ainda o consegue melhorar a cada trabalho. A arte deste senhor em Requiem está bem lá no alto… “Silver Surfer: Requiem”, uma história a não perder.

Boas leituras!


Mauro Bex : maurobindo

Nova Iorque 2 - "Free Comic Book Day"


Outra das boas coisas que Nova Iorque me deu foi o Free Comic Book Day. Tive mesmo sorte! Consegui passar por 3 lojas de BD nesse dia e o melhor de tudo é que todas elas tinham livros diferentes para ofertar. Primeiro fui à Gotham City Comics, onde procurei alguns back-issues e consegui encontrar alguns deles (este foi um problema grande nesta cidade, pois houve muita coisa que não consegui encontrar). Como era dia de celebração, trouxe o que pude. Depois seguiu-se a Midtown Comics perto da Grand Central Station, que encontrei por acaso, pois já tinha visitado anteriormente a Midtown Comics da Times Square e nem sabia que havia outra. Por lá procurei mais uns back-issues, mas sem sucesso… Aproveitei para trazer um magnet do Surfer, que já decora o meu frigorífico. Como era dia de borlas, lá trouxe mais uns quantos livritos. Por fim, pois o dia foi de longas caminhadas (como sempre), aterrei na Jim Hanley´s Universe. Devo ter congelado durante uns segundos assim que vi a montra. Que estátua! Era o Silver Surfer à escala 1:1 em cima da sua mítica prancha (em baixo a prova). Lá entrei depois da foto da praxe e lá estava mais uma loja para aproveitar. Muito material mas a típica falta de uma boa secção de back issues. No entanto tinham uma série de TPBs em promoção, alguns deles a 1$ US. Trouxe umas coisitas e lá me dirigi à banca dos comics grátis. “Podes escolher 5 destes que estão aqui em cima da mesa e se quiseres, podes levar os que quiseres daqueles que estão aqui pendurados atrás de mim. Até podes levar mais do que um de cada…” Ora lá teve de ser. Veio um de cada mais os tais 5. Entretanto, cometi nesta loja uma pequena argolada, pois vi o “Preacher” em HC a 7.99$ US e nem olhei bem para a capa, já que o preço estava tão convidativo. Cheguei ao hotel e “ups, isto é um HC das capas do Preacher…”. Tive de lá voltar 2 dias depois para trocá-lo.


Resumindo, trouxe uma batelada de free comics, conheci boas lojas do género na cidade, porque depois deste dia ainda visitei mais algumas. Não houve uma loja de comics que tenha visto em Nova Iorque que não gostasse. Todas tinham o seu estilo próprio, umas mais dedicadas às novidades, umas enormes outras autênticos cochichos, algumas mais dedicadas ao merchandising outras mais viradas para a especialização, enfim, havia para todos os gostos. Mais tarde farei um post exclusivamente dedicado às lojas de BD de NYC.


Boas leituras!


Mauro Bex : maurobindo

Nova Iorque 1 - "Iron Man @ Ziegfeld"

A viagem a Nova Iorque foi uma experiência memorável e única. A primeira vez marca-nos bastante e por muitas vezes que lá regresse (o que pretendo fazer) nunca será igual. Pode até ser melhor. Mas esta foi a primeira.
Caminhar pelas ruas da cidade que nunca dorme pode conduzir-nos a locais que não esperaríamos encontrar, no meio de tanta coisa já levada em mente para ver e fazer. Uma das vivências mais interessantes foi uma ida ao cinema para ver o filme Iron-Man. A cidade estava repleta de publicidade à película e acabou por ser este que estava mais perto do hotel e ainda por cima numa sala mítica, o Ziegfeld. Bilhete comprado umas horas antes, não fosse o filme esgotar e lá fui ao encontro do gajo de ferro. Assim que entrei no edifício, uau!, que sensação. Caminhava por um antigo teatro construído em 1969 (o antigo Ziegfeld foi demolido e tinha sido erigido originalmente mesmo ao lado, em 1927, sendo uma das principais salas de teatro da Broadway), agora convertido em sala de cinema. Ao chegar à sala principal, decorada por veludo vermelho nas paredes dando-lhe um ar bem clássico, esta já estava quase cheia e muito animada (lugares sentados - 1.131), com o público na real palheta pré-apresentações. Aguardando, passados uns minutos começaram as ditas. Qual o meu espanto quando o público começou a reagir como se estivesse no teatro! Que sensação diferente mas muito boa. Nada a ver com os nossos irritantes comedores de pipocas de boca aberta, o ambiente era descontraído e de festa, pois uma ida ao cinema é um acontecimento naquela cidade. A malta batia palmas, dava gargalhadas estridentes mas sentidas e fazia os típicos “uhhhhhhhhh” e afins, quando algum actor se armava aos cucos. O melhor foi quando apresentaram “Indiana Jones”. Mal começou a música toda a gente desatou a bater palmas e a uivar de alegria. Foi belo!
Quando “Iron Man” começou o entusiasmo manteve-se em alta. Sempre que Tony Stark dava a sua piadinha ou se armava em cromo, o público acompanhava com as habituais gargalhadas, apupos ou “ohhhhhhh”s. Foi sem dúvida memorável. Mas a cereja no topo do bolo foi no final, quando me dirigi ao balcão para comprar uma água e uns M&Ms. A moça do outro lado pergunta-me: «Did you saw Spike Lee?». Fiquei naquela a pensar comigo mesmo que devia ter ouvido mal. Perguntei-lhe: «Sorry?». Ela repetiu o mesmo. O homem tinha estado na mesma sala que eu e eu não o vi! Perguntei se era o mesmo Spike Lee e onde tinha estado. E ela rematou: «Here, just now. With his daughter. He always comes here». Ai! Foi ao poste. O que vale é que no dia anterior tinha visto o Morgan Freeman…

Mauro Bex : maurobindo