
Juanjo Guarnido: Blacksad
Mauro Bex : maurobindo
Fire Clan Dragon
(Deluxe Boxed Set)
Mauro Bex : maurobindo


No fundo, o que de melhor se conseguiu nesta aventura cinematográfica foram os efeitos especiais, destaque absoluto para Saphira. Está simplesmente fabulosa, um dragão (fêmea) fantástico! Confesso que tinha grande apreensão neste ponto, pois para além de ser fã acérrimo destes seres míticos, acabo por exigir muito de quem os cria visualmente. Foi uma agradável surpresa. A sua voz é-nos dada por Rachel Weisz, que está longe de ser a ideal, pelo simples facto de ser monocórdica do início ao fim. Em momentos de maior tensão a sua suavidade poderia ser mais aguerrida, sem nunca esquecer que Saphira é uma jovem.
Sem precisar de aprofundar muito a descrição desta peça fenomenal, deixo-vos algumas fotos, pois as imagens valem mais do que mil palavras. Lurtz faz parte da recente linha criada pela Sideshow dedicada à saga Senhor dos Anéis (Premium Format Figures), após os termino adaptação de Peter Jackson à 7ªArte da trilogia original de Tolkien. Fica uma breve descrição da loja Good´N´Evil, que em Portugal é a única loja que se dedica exclusivamente a este tipo de coleccionáveis. Uma boa prenda de Natal, sem dúvida alguma. Entretanto, espero que a minha chegue na próxima semana.


Mauro Bex : maurobindo
A segunda, pelo facto de as suas ilustrações fazerem novamente parte do projecto “Pictoplasma - Character Encyclopaedia”, edição que compila projectos de ilustração, design, etc., tendo como finalidade a sua possível coloração, partindo daí para um universo expandido onde as ideias poderão ser utilizadas para a execução de instalações, escultura, pintura e muito mais. A sua vertente de manual de identidade gráfica é vincadamente objectiva, trazendo ao dia-a-dia do indivíduo novas possibilidades. Podem consultar os seus “Ratos Mickey” que fazem parte deste projecto, aqui.
A terceira razão deste artigo tem a ver com um dos seus trabalhos, La Caperucita Terrorífica, que recebeu uma distinção no IX ExpoComic de Madrid, evento de grande referência na BD espanhola. Aconselho vivamente a sua visualização no blog do respectivo autor, onde podem ter acesso às 4 pranchas desse projecto.
Por fim, falo-vos do “Rei Arenque”, BD que esteve exposta no FIBDA´06. Fica uma página deste título para vossa visualização e, o conselho para uma visita ao blog do artista, richardcamara.blogspot.com, onde terão acesso às restantes pranchas desta história que conta com o argumento de David Soares (o projecto desenvolveu-se a partir de um storyboard deste último). Parabéns ao que de bom se faz com selo português!
Após longo interregno, Tucci decidiu voltar a investir na sua criação mais (re) conhecida, a heroína Shi, desta feita com apoio e edição da Dark Horse. O enquadramento da narrativa transporta-nos de volta ao Japão, onde os velhos fantasmas que continuamente assombram e se retorcem na memória de Ana Ishikawa, prendendo-a às suas origens, trazem à tona do seu consciente velhos conflitos por resolver. No entanto e, pela primeira vez, vou tomar a liberdade de compactar nesta rubrica 4 capas que formam um dos mais belos conjuntos a que já tive acesso. Foi precisamente o impacto visual destas 4 composições que despertaram imediato interesse em mim, levando-me mais tarde a adquirir esta mini-série (foi o primeiro contacto que tive com o trabalho de Tucci). Há dez anos que a personagem Shi estava afastada de novas publicações. Para os fãs foi um regresso refrescante. Ainda assim, arrisco afirmar que melhor destes volumes são as capas. Não que o argumento e a arte sejam pobres, mas por vezes tornam-se confusos, levando à dispersão do leitor. É sobre as isso (as capas) que vale a pena reflectir e procurar julgar as mesmas como um todo, indissociáveis entre si, pois a linha de raciocínio escolhida aplica-se a todas elas. Existe de forma algo notória uma combinação entre ocidente e oriente, quer a nível de representação artística quer a nível cultural, remetendo-nos para as origens de Ana Ishikawa, filha de pai japonês e mãe estado-unidense (utilizo esta terminologia, pois considero que americano ou norte-americano engloba várias nacionalidades). Os seus traços faciais denotam saudável ambiguidade cultural, o rosto branco da sua subtil personalidade geisha que utilizou no passado para servir os seus propósitos. Ao mesmo tempo, é o pó de arroz e toda uma maquilhagem nipónica que fazem de Shi o que ela realmente é, uma guerreira de raízes sohei (treinada pelo seu avô paterno) com personalidade fortemente vincada pela determinação, caminho que a conduz às suas metas, nunca lhe tirando pitada da sensualidade e erotismo que tão bem a caracterizam. Na primeira
capa é bem visível a sua sensualidade, na segunda a atitude guerreira, na terceira a astúcia e determinação, e na quarta a sua objectividade. Qualquer semelhança com a arte da gravura japonesa é pura coincidência. Não me parece ter sido essa a proposta de Tucci, se bem que na primeira das composições há toda uma envolvência que nos poderá remeter para o séc. XIX (consultar o site sobre Gravuras Japonesas Modernas, exposição patente na Fundação Calouste Gulbenkian). Como referi anteriormente, Shi acaba por adoptar um pouco dessa tradição geisha, vincadamente sensual e serviçal, mas que no fundo é muito, muito mais do que isso. O cabelo escorrido sempre penteado e tratado, o cuidado com a toilette e aparência, o corpo sempre esbelto e sinuoso, a escolha com as vestes… A personificação do bem e do mal faz parte desta mulher guerreira, sendo formidavelmente exposta no papel e melhor do que nunca nestas capas. Elas são um autêntico espelho da verdadeira essência de Ana Ishikawa, conhecida entre nós como Shi.